Esta investigação tem como objetivo analisar as opiniões de professores universitários para refletir sobre suas atuações docentes no contexto da cultura digital e, assim, identificar os processos e elementos formativos que os prepararam para essa docência. É uma pesquisa qualitativa, inspirada nas etapas da Teoria Fundamentada em Dados (TFD), na vertente Construtivista proposta por Charmaz (2009); e, para análise das opiniões, foram realizadas entrevistas com 11 docentes de ensino superior de diversas instituições, públicas e privadas. A análise dos dados obtidos permitiu averiguar que o contexto digital impõe desafios a esses professores em suas relações com o saber. Tal contexto exige a recriação das ações como docentes e dos relacionamentos com os alunos. Os entrevistados indicaram que seus caminhos de formação para a docência são resultantes da mixagem entre os conhecimentos teóricos de suas áreas de origem obtidos a partir da graduação , o interesse pelas tecnologias digitais e a convergência de ambos para a construção de novos modos de ensinar. Sobre a formação, para atuar em face da cultura permeada pela lógica do digital, eles apontaram três realidades formativas: a) a ausência de formação pedagógica para o docente universitário; b) a ocorrência de atividades formativas voltadas para o aspecto instrumental das tecnologias digitais; e, c) processos formativos continuados, organizados por iniciativa institucional para uso das tecnologias digitais. Além dessas realidades, foram identificados outros processos e mecanismos formativos: a (trans)formação pela própria atuação como docente; o engajamento; e, a participação em grupos de pesquisa. Nos depoimentos coletados, destaca-se ainda que, embora o Doutorado tenha sido etapa importante no desenvolvimento profissional do grupo investigado, a ausência de percepção dos docentes em relação às suas atuações como formadores na pós-graduação indica que essa etapa não foi reconhecida como mecanismo de (trans)formação para a docência universitária em tempos digitais.

This investigation aims at analyzing the opinions of university professors in order to reflect on their teaching activities in the context of digital culture and, thus, to identify the training processes and elements that prepare them for this teaching. It is a qualitative research, inspired by the steps of Grounded Theory, in the Constructivist aspect proposed by Charmaz (2009); and, for the analysis of opinions, interviews were conducted with 11 higher education professors of from different institutions, both public and private. The analysis of the obtained data allowed to verify that the digital context imposes challenges to these teachers in their relations with knowledge. Such a context requires them to recreate their actions and relationship with students. Respondents indicated that their teaching training is the result of mixing theoretical knowledge from their areas of origin - obtained from graduation their interest in digital technologies and the convergence of both in order to build new ways of teaching. Regarding their training, they pointed out three formative realities to act in the face of the digital logic-permeated culture: a) the absence of pedagogical training for university teachers; b) the occurrence of training activities focused on the instrumental aspect of digital technologies; and, c) continuous training processes organized by institutional initiative for the use of digital technologies. In addition to these realities, other training processes and mechanisms have been identified: (trans)training through their own performance as teachers; engagement and participation in research groups. In the collected testimonies, it is also noteworthy that, although the Doctorate was an important stage in the professional development of the investigated group, the teachers lack of perception regarding their performance as trainers in post-graduation training levels indicates that this stage was not recognized as a (trans)training mechanism for university teaching in digital times.