Neste trabalho tivemos por objetivo interpelar a noção de autonomia presente no discurso pedagógico de escolas denominadas democráticas. Para tanto, no capítulo primeiro, trabalhamos com definições e fizemos distinções a fim de mostrar a transformação do termo assim como a autoria que relacionamos a ele. Ao final deste capítulo mostramos a particularidade da autonomia de nossa época ao destacar a sua dimensão individualista, além de oferecer um exemplo de criança autônoma. No capítulo segundo começamos a nos opor a essa ficção a partir da noção de discurso e das discursividades que testemunham a posição ética dos adultos perante as crianças. Indicamos os primórdios da escola como programa institucional republicano, as questões que envolveram o seu processo de democratização em nosso país, assim como o movimento que deu origem à linhagem de escolas democráticas de que tratamos. A experiência etnográfica tem início com a tentativa de contato com uma dessas escolas. Foi nesta etapa da pesquisa que pudemos fazer um mapeamento de seu discurso oficial a partir de material formulado por representantes de grande expressividade no cenário nacional. No capítulo terceiro retomamos a noção de comum ao qual a escola estava voltada enquanto programa institucional e a autonomia que se tem em vista formar com uma visada individualista que coloca a criança no centro de seu trabalho. A partir de uma imersão etnográfica, agora em uma escola especifica, pudemos ter acesso à sua dimensão oficiosa. Organizamos esse material na forma de depoimentos dos professores sobre o seu trabalho e vinhetas que dizem respeito sobretudo às atividades que diferenciam uma escola democrática de outras. Com isso, ao final de nosso argumento, pudemos indicar algumas implicações práticas de tal configuração, assim como afirmar que o comum que temos com outras gerações trabalha a favor e enseja a autoria ao invés de impedi-la como muitas vezes suposto.

In this work we aimed to question the notion of autonomy present in the pedagogical discourse of schools called democratic. Therefore, in the first chapter, we worked with definitions and made distinctions in order to show the transformation of the term as well as the authorship that we related to it. At the end of this chapter, we show the particularity of the autonomy of our time by highlighting its individualistic dimension, in addition to offering an example of an autonomous child. In the second chapter, we started to oppose this fiction from the notion of discourse and discursivities that testify to the ethical position of adults towards children. We indicate the beginnings of the school as a republican institutional program, the issues that involved its democratization process in our country, as well as the movement that gave rise to the lineage of democratic schools that we deal with. The ethnographic experience begins with the attempt to contact one of these schools. It was at this stage of the research that we were able to map out his official discourse from material formulated by representatives of great expressiveness on the national scene. In the third chapter we return to the notion of common to which the school was focused as an institutional program and the autonomy that is aimed at forming with an individualistic view that places the child at the center of its work. From an ethnographic immersion, now in a specific school, we were able to have access to its unofficial dimension. We organized this material in the form of testimonials from teachers about their work and vignettes that mainly concern activities that differentiate a democratic school from others. With that, at the end of our argument, we were able to indicate some practical implications of such a configuration, as well as to affirm that the common that we have with other generations works in favor and entails authorship instead of preventing it as many times supposed.