Esta pesquisa, que se constitui em um estudo teórico-documental, tomou como proposição de discussão e análise, aspectos constitutivos da formação docente e da escolarização de pessoas com deficiência que, historicamente, apresentam opacidade na compreensão de fundamentos tomados principalmente quando a formação se coloca em correlação com esta escolarização, permeando o ponto de intersecção que se forma entre estes dois campos por meio de uma formulação discursiva eivada, estrategicamente, de efeitos de sentido díspares o que colabora com a constituição de um horizonte distópico, ao colocar em disputa concepções e sustentações teórico-metodológicas ambíguas. Delineouse, inicialmente, um cenário histórico, político e social que necessitou, como recurso metodológico, de estudo prospectivo por meio da digressão histórica no sentido de promover um resgate do conhecimento produzido sobre o campo da formação docente no Brasil, dos primórdios do período da colonização até o final da década de 1980, para poder situar como se desenvolveu todo o debate que foi travado em torno desta temática, identificando neste recorte histórico elementos que contribuíram para que a formação docente passasse a ser discutida enquanto objeto de estudo da política educacional. Sob a perspectiva de outro cenário, com recorte ampliado para a década de 2010, a pesquisa documental alcançou textos instituidores de diretrizes políticas e normativas correlatas à formação docente no Brasil, da estruturação da educação especial no bojo da educação comum, assim como das orientações para operacionalização do serviço educacional instituído pelo governo federal em atenção às deficiências. O viés de análise selecionado para colocar sob exame tais formulações discursivas, manifestas na constituição destes documentos oficiais exemplares, fundamentou-se na teoria desenvolvida pela Análise do Discurso Crítica, em acordo com postulados de Van Dijk (2004, 2010, 2012), possibilitando uma abordagem não apenas sociocognitiva, mas também contextual do discurso instituidor. Esta análise possibilitou identificar o caráter distópico presente em tais formulações discursivas, constituído em meio a contradições e dissenso prototípicas de um campo de disputas acirradas pela definição hegemônica e homogeneizada de conceitos que, sistematicamente, assediam ostensivamente tanto a formação docente quanto a escolarização de pessoas com deficiência, especialmente quando estas se correlacionam.

This research, which constitutes a theoretical and documentary study, took as a proposition of discussion and analysis, constitutive aspects of teacher education and schooling of people with disabilities that, historically, present opacity in the comprehension of fundamentals taken mainly when the formation takes place. in correlation with this schooling, permeating the intersection point that is formed between these two fields through a discursive formulation strategically riddled with disparate sense effects which collaborates with the constitution of a dystopian horizon, by putting in dispute conceptions and ambiguous theoreticalmethodological supports. Initially, a historical, political and social scenario was defined that required, as a methodological resource, a prospective study through the historical digression in order to promote the recovery of the knowledge produced about the field of teacher education in Brazil, from the early days of the period. colonization until the end of the 1980s, in order to situate how all the debate that took place around this theme developed, identifying in this historical outline elements that contributed for the teacher formation to be discussed as an object of study of educational policy. From the perspective of another scenario, which expanded to the decade of 2010, the documentary research reached texts that established political and normative guidelines related to teacher education in Brazil, the structuring of special education in the midst of common education, as well as guidelines for operationalization of the educational service instituted by the federal government in view of the deficiencies. The analysis bias selected to examine such discursive formulations, manifested in the constitution of these exemplary official documents, was based on the theory developed by Critical Discourse Analysis, in agreement with Van Dijk's postulates (2004, 2010, 2012), enabling a not only sociocognitive, but also contextual approach to the instituting discourse. This analysis made it possible to identify the dystopian character present in such discursive formulations, constituted in the midst of prototypical contradictions and dissent of a field of disputes intensified by the hegemonic and homogenized definition of concepts that, systematically, ostensibly beset both the teacher education and the schooling of people with disabilities, especially when they correlate.