A pesquisa tem por foco considerações de jovens adultos com deficiência intelectual acerca de seus processos de escolarização, buscando evidenciar nós deste percurso na ótica dessas pessoas, com base na premissa de que é necessário descobrir formas outras de compreender sua presença nos cotidianos escolares e a contribuição de suas experiências para a constituição de políticas públicas em educação. Sob uma perspectiva babélica, conceito de Larrosa e Skliar (2007) que abraça a pluralidade da condição humana, buscamos a contribuição de autores que produzem suas análises no entrecruzamento dos campos da Sociologia, Filosofia, Psicologia, Literatura, Psiquiatria e História, acolhendo um viés multidimensional do que seja pensar a deficiência intelectual, que abre janelas e possibilidades de reflexão sobre a escolarização de pessoas com essa condição. Sob influência desses olhares advindos de diversos campos de conhecimento, apresentamos compreensões sobre pessoas com deficiência em diferentes tempos e contextos socioculturais que pautam um determinado entendimento sobre elas. Para dar voz e ter essas pessoas com produtoras de suas histórias, recorremos à História Oral enquanto base metodológica para leitura e análise de entrevistas semiestruturadas em cotejo com diário de campo e a partir deles problematizamos efeitos fornecidos pela rede discursiva que narra, e, portanto, inventa, a deficiência intelectual, bem como buscamos compreender o modo pelo qual os entrevistados foram produzidos como estudantes com deficiência intelectual, sustentando-se em um olhar sobre os efeitos das práticas de escolarização a que foram submetidos. Por fim, elencam-se possibilidades de compreensão de políticas públicas em educação voltada às pessoas com deficiência a partir das análises fornecidas com foco em suas perspectivas. Desvela-se, tomando de empréstimo a terminologia de Varela e Alvarez-Uria (1992), uma maquinaria escolar que toca particularmente essas vidas nos cotidianos escolares, produzindo seus efeitos e conformando-os a determinados papéis e espaços.

This research focuses on the views of young adults with intellectual disability about their schooling, and tries to evidence, following their points of view, which knots exist in these processes, assuming it is necessary to develop other ways of understanding the presence of these students in school life and the contribution their experience can provide to education policies. Maintaining a babelic point of view a concept we borrow from Larrosa and Skliar (2007) which encompass the plurality of the human condition, we appealed to thinkers from areas such as Sociology, Philosophy, Psychology, Literature, Psychiatry and History, thus employing a multidimensional approach to the problem of thinking about intellectual disability which may uncover new possibilities of thought in this topic. By these means, we show how the conceptions of people with disabilities change in different historical periods and sociocultural contexts. So as to make them heard and to assure they are the protagonists of their own histories, we adopt oral history methodology for reading and analyzing the semistructured interviews made with them, along with our field journal. From the study of this material we evince the discursive effects that narrate and, therefore, create intellectual disability; also, we try to comprehend how our interviewees were constructed as intellectual disability students, throwing light on to what degree schooling practices affected them, and discuss how education policies can be reconceived if it takes into account that which their testimonies teach us. In sum, using Varela and Alvarez Uria (1992)s terminology, it is manifest in this work a school machinery which influence the lives of these individuals, establishing which roles and places are allowed to them and which are not.