Esta pesquisa apresenta memórias de militantes estudantis do curso de psicologia da Universidade de São Paulo. Inspirada metodologicamente no livro Memória e Sociedade: lembranças de velhos, de Ecléa Bosi, procura estabelecer interlocuções temporais acerca da experiência política durante a graduação, a partir de lembranças de diferentes épocas e contextos de engajamento. Foram realizadas dez entrevistas de memória (abertas e com roteiro). O centro do trabalho é composto por quatro delas, realizadas com militantes mais velhos, atuantes nas décadas de 1960 e 1970. A partir dessas lembranças, procurou-se estabelecer campos de sentido, temas de estudo a partir dos quais fosse possível interlocução entre presente e passado. São eles: a condição estudantil, a universidade, a política estudantil, os contrastes sociais vividos pelos estudantes, a graduação em psicologia, o sofrimento do militante, os destinos políticos de militantes jovens e velhos. Durante as interpretações, comparecem trechos das demais entrevistas (também abertas e com roteiro), realizadas com seis militantes mais novos, atuantes nas décadas de 1980 e 1990. Tendo em vista a trajetória do pesquisador, este estudo pretende-se uma tentativa, ainda que temporã, de militância estudantil; pretende contribuir para a retomada do passado em seu significado político e transformador, em especial naquilo que toca os militantes estudantis do presente.

This research presents the memories of student activists from the University of São Paulo's Psychology School. Methodologically inspired upon Ecléa Bosi's book Memory and Society: Recollections of the Old, it aims at establishing temporal interlocutions on political experience during undergraduate years, starting from the recollections of different times and contexts of engagement. Ten testimonies have been accomplished (open ones and with scripts). The main part of this work is made up of three of these interviews, done with older militants who were active in the 1960s and 1970s. Starting from these remembrances, we have striven to set up fields of meaning, themes for study which would enable an interaction between the present and the past. These are: conditions of student life, the university, student politics, the social contrasts experienced by students, the psychology undergraduate course, the suffering of militants, the political destiny of older and younger militants. During our interpretation, passages of other interviews come up (also open and with scripts), which have been done with six younger militants, active in the 1980s and 1990s. Considering the trajectory of the researcher, this study intends to be an attempt, though somewhat over-mature, of student militancy; it aims at contributing to recover the past in its political and transformational sense, especially in regard to issues that involve student militants of today