Apontado como um dos maiores avanços tecnológicos na área da cardiologia, o Cardioversor Desfibrilador Implantável (CDI) acarreta em importantes consequências e desafios para os pacientes. Com seu uso crescente desde 1980, o dispositivo implantado cirurgicamente junto ao músculo cardíaco que emite choques elétricos para normalizar o ritmo cardíaco vem sendo utilizado com sucesso para tratamento e prevenção de arritmias, que podem levar inclusive à morte súbita. Entretanto importantes comorbidades psiquiátricas e psicológicas de seu uso vêm sendo documentadas na literatura médico-científica, bem como observadas na prática assistencial hospitalar, tais como diferenças significativas em escores de qualidade de vida e diagnósticos de transtornos de ansiedade, pânico e depressão. As consequências possivelmente traumáticas dos choques ou do implante do dispositivo, do ponto de vista das construções subjetivas e significados atribuídos pelos próprios pacientes, constituem o objetivo de estudo deste trabalho. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com seis pacientes que possuem o dispositivo implantado. O método para análise dos dados foi a Análise do Conteúdo, com uma proposta de discussão psicanalítica. Foi proporcionado uma discussão diferente à do discurso médico-diagnóstico para as possíveis consequências do uso do dispositivo, como principal achado têm-se a visão positiva do dispositivo como um aliado aos pacientes, bem como seus receios em que o dispositivo deixe de funcionar adequadamente

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