Esta pesquisa parte de uma afirmação lateral de Lacan no Seminário XX: Mais, ainda sobre a possibilidade de reescrever seu Seminário VII: A ética da psicanálise. Buscamos apreender o sentido tácito por sob esta afirmação. Nossa hipótese é a de que o possível engajamento ético presente no SXX relaciona-se à possibilidade de uma articulação da demarcação lógica do gozo para além do gozo fálico, estabelecida nesse momento do seu ensino por uma repartição em duas modalidades distintas, o fálico e o outro, suplementar, situado do lado feminino e definido por uma lógica contingente. Para isso, optamos por uma leitura aproximativa e comparativa dos dois seminários aqui estudados, bem como por acompanhar, ao longo do ensino lacaniano, as mudanças que ocorrem entre eles na noção de gozo. Essa nova formulação sobre o gozo, possibilita à Lacan em 1972-73 uma elaboração sobre o feminino que ele não tinha como dispor na época do Seminário da Ética. Embora, como também procuramos destacar aqui, o feminino já estivesse presente no Seminário de 1959-60, ainda que de forma difusa. É desta articulação, que defendemos ser possível reextrair, no próprio autor, o que aqui denominamos ética do feminino que, longe de romper com a ética do desejo proposta por ele, a suplementaria

This research starts from a lateral statement by Lacan in Seminar XX: More, still about the possibility of rewriting his Seminar VII: The ethics of psychoanalysis. We seek to apprehend the tacit meaning behind this statement. Our hypothesis is that the possible ethical engagement present in the SXX is related to the possibility of an articulation of the logical demarcation of jouissance beyond the phallic jouissance, established at this moment of its teaching by a division into two distinct modalities, the phallic and the phallic. the other, supplementary, situated on the feminine side and defined by a contingent logic. As a methodology, we opted for an approximate and comparative reading of the two seminars studied here, as well as for following, throughout the Lacanian teaching, the changes that occur between them in the notion of jouissance. This new formulation on jouissance makes it possible for Lacan in 1972-73 to elaborate on the feminine that he could not have at the time of the Ethics Seminar. Although, as we have also tried to highlight here, the feminine was already present in the Seminar of 1959-60, albeit in a diffuse way. It is from this articulation that we argue that it is possible to re-extract, in the author himself, what we here call the ethics of the feminine which, far from breaking with the ethics of desire proposed by him, would supplement it