O avanço tecnológico da medicina permitiu que bebês ainda imaturos sobrevivessem fora do ambiente uterino. Porém, os equipamentos e procedimentos médicos empregados no suporte à vida neonatal acabam por restringir o cuidado oferecido pela mãe ao seu bebê, aspecto importante para o desenvolvimento psíquico do recém-nascido. Sobre a díade mãe-bebê, o pediatra e psicanalista Winnicott estabelece que a mãe desenvolve uma identificação com o filho, por meio da qual, ela percebe e antecipa as necessidades dele. Em meio ao impactante ambiente intensivista neonatal e ao estado materno pós-parto, a mãe enfrenta o desafio singular de encarar a fragilidade de seu bebê prematuro. Tal contexto exige que a mãe acesse seus recursos internos provindos de cuidados ambientais anteriores para acreditar que ela e seu bebê poderão superar essas condições adversas, confiando em seu potencial de vida. Dessa maneira, o presente estudo objetivou investigar por meio de relatos de um diário de UTI Neonatal condições relacionadas à esperança em mães de prematuros. Portanto, foi realizada uma análise de conteúdo e foram identificadas quatro categorias: Como nasce uma mãe de UTI Neonatal, o contexto adverso onde nasce a esperança; O apoio recebido, o encontro humano na sustentação da esperança; Fé, a esperança presente na religiosidade/espiritualidade; Expectativas positivas, a marca da esperança. Assim, encontrouse que as mães de bebês prematuros, as quais podem apresentar traços de preocupação materna primária, enfrentaram uma situação intensa de ruptura dessa relação primordial, porém, com o amplo apoio de pessoas no ambiente hospitalar e com a crença em um cuidado divino, sonharam um futuro de restauração do vínculo com o filho após a alta hospitalar, quando poderiam viver plenamente a maternidade. Tal perspectiva permite condições essenciais para a saúde: um caminhar esperançoso para lidar com percalços dessa experiência de risco de vida; a integração das experiências no tempo; e a manutenção da identificação com o bebê, que, durante a internação, implica em assumir a denominação mãe de UTI Neonatal

Technological advances in medicine have allowed premature babies to survive outside the womb. However, the medical equipment and procedures used to support neonatal life end up restricting the care offered by the mother to her baby, an important aspect for the psychic development of the newborn. Regarding the mother-baby dyad, the pediatrician and psychoanalyst Winnicott establishes that the mother develops an identification with the child, through which she perceives and anticipates his needs. In the neonatal intensive care environment, the mother, who is in postpartum maternal state, faces the unique challenge of dealing with the fragility of her premature baby. Such context requires the mother to access her internal resources from previous environmental care to believe that she and her baby will be able to overcome these adverse conditions, trusting in their life potential. Thus, the present study aimed to investigate conditions related to hope of mothers of preterm infants through reports from a Neonatal ICU journal. Therefore, a content analysis was performed, and four categories were identified: How a Neonatal ICU mother is born, the adverse context in which hope is born; The support received, the human encounter in sustaining hope; Faith, the hope present in religiosity/spirituality; Positive perspective, the mark of hope. Thus, it was found that mothers of premature babies, who may present primary maternal concern, faced an intense situation of rupture of this primordial relationship, however, with the broad support of people in the hospital environment and with the belief in a divine intervention, they were able to dream about a future of restoring the bond with their child after hospital discharge, when they could fully experience motherhood. Such perspective allows essential conditions for health: a hopeful outlook on how to deal with mishaps of this life-threatening experience; integration of these experiences over the time; and maintenance of identification with the baby during hospitalization, which means considering herself a "NICU Mom"