Este projeto de mestrado tem como objetivo principal estimar a herdabilidade do bem-estar subjetivo e da personalidade em irmãos gêmeos. Previamente à realização deste objetivo, dois requisitos da pesquisa com gêmeos foram cumpridos: a criação de um banco de dados de irmãos gêmeos e não gêmeos, visando o recrutamento para pesquisas, e a adoção de um método de determinação da zigosidade, garantindo a classificação precisa da zigosidade dos participantes. Assim, três estudos são apresentados nesta dissertação. No Estudo 1, apresentamos dados relativos ao banco de dados do Painel USP de Gêmeos. Os participantes são irmãos gêmeos brasileiros de diferentes idades, que responderam a um questionário com informações básicas e sociodemográficas. Até o momento, há 6479 cadastrados, sendo 1691 gêmeos maiores de idade e 4788 menores de idade. Além disso, temos 1365 irmãos não-gêmeos cadastrados, sendo 923 maiores de idade e 442 menores de idade. No Estudo 2, comparamos a precisão da autoclassificação da zigosidade, classificações realizadas por meio de três questionários e o resultado do DNA. Participaram 97 pares de gêmeos brasileiros do mesmo sexo, com idade média de 32,08 anos (DP = 12,83 anos; variação = 17 a 67 anos), cuja zigosidade, segundo análise do DNA, corresponde a 82,5% gêmeos monozigóticos (MZs) e 17,5% dizigóticos (DZs). Os três questionários de autorrelato apresentaram concordâncias significativas quase perfeitas com o DNA, em contraste com a autoclassificação, cuja concordância foi baixa e não significativa. Estes métodos apresentaram diferentes precisões e número de casos de zigosidade desconhecida, sendo, respectivamente: 60% e 19,6% para a autoclassificação, 97,7% e 7,2% para questionário I e 96,6% e 8,2% para os questionários II e III. No Estudo 3, estimamos a herdabilidade da satisfação com a vida, qualidade da vida, bem-estar emocional e dos cinco fatores de personalidade entre pares adultos de gêmeos MZ e DZ. Responderam ao questionário online 201 pares de gêmeos, sendo 146 MZ e 55 DZ, com idade média de 30,19 anos (DP = 10,46, variação de 17 a 67 anos). Apresentamos estimativas de herdabilidade (h²) e efeitos de ambiente único (e²) para os componentes do bem-estar subjetivo: qualidade da vida e satisfação com a vida (h² = 26% e e² = 74%), afetos negativos (h² = 23% e e² = 77%) e afetos positivos (h² = 21% e e² = 79%), e para os fatores da personalidade: extroversão (h² = 55% e e² = 45%), conscienciosidade (h² = 38% e e² = 62%), abertura à experiência (h² = 35% e e² = 65%), neuroticismo (h² = 33% e e² = 67%) e amabilidade (h² = 23% e e² = 77%). O estudo da herdabilidade do bem-estar e da personalidade é pioneiro no Brasil e vemos grande potencial nesta pesquisa, que pode contribuir para a compreensão dos fatores que influenciam a felicidade, subsidiando intervenções que visem promoção de saúde mental

This master's study aims to estimate the heritability of subjective well-being and personality in twins. Previously to the achievement of this objective, two twin research requirements were achieved: the creation of a twin and non-twin siblings database, aiming recruitment for research participation, and the use of a zygosity determination method, for precise zygosity classification of the research participants. Thus, three studies were presented in this dissertation. In Study 1, we presented data regarding the USP Twin Panel database. Participants were Brazilian twins of different age groups, who answered a questionnaire with basic sociodemographic questions. Presently, there are 6479 individuals registered, of which 1691 were self-registered twins and 4788 were twins registered by their parents. In addition, we have 1365 registered non-twin siblings (923 self-registered and 442 registered by their parents). In Study 2, we compared the accuracy of the zygosity self-classification, with classifications obtained by three questionnaires and by DNA. Our sample was composed by 97 pairs of Brazilian same-sex twins (82.5% monozygotic twins (MZ) and 17.5% dizygotic twins (DZ), according to DNA analysis). The three questionnaires showed high concordance with DNA, in contrast to self-classification, that showed poor concordance with DNA. These methods presented different precisions and varied with respect to the number of cases of unclassified zygosity: self-classification - 60% and 19.6%, questionnaire I - 97.7% and 7.2% and questionnaires II and III - 96.6% and 8.2%, respectively. In Study 3, we estimated the heritability of life satisfaction, quality of life, emotional well-being and the five personality factors among adult pairs of MZ and DZ twins. A total of 201 twin pairs, 146 MZ and 55 DZ, answered an online questionnaire. We present estimates of heritability (h²) and unique environmental effects (e²) for the components of subjective well-being: quality of life and life satisfaction (h² = 26% and e² = 74%), negative affect (h² = 23% and e² = 77%) and positive affect (h² = 21% and e² = 79%), and for the personality factors: extraversion (h² = 55% and e² = 45%), conscientiousness (h² = 38% and e² = 62%), openness to experience (h² = 35% and e² = 65%), neuroticism (h² = 33% and e² = 67%), and agreeableness (h² = 23% and e² = 77%). The study of subjective well-being and personality heritability is pioneer in Brazil and we see great potential in this research, which can contribute to the understanding of the factors that influence happiness, supporting interventions that aim to increase well-being levels