A psicologia se divide em diferentes sistemas, cada um uma tradição com seus próprios postulados, pressupostos, metodologia, temas e ética. Essa divisão, não sendo puramente teórica, está imbricada na institucionalização da psicologia, moldando trajetórias profissionais e identidades na área. Para cada psicóloga, se posicionar em relação a essas linhas divisórias é uma imposição prática. Mas a experiência do que são essas divisões, o que representam, e como essas escolhas são feitas, têm grande variação de uma psicóloga a outra, e nós não somos completamente conscientes do processo. Nessa pesquisa qualitativa, desenvolvida na perspectiva do Construtivismo Semiótico Cultural, nosso objetivo é investigar as seguintes quatro questões interconectadas: Qual relação as psicólogas atuantes têm com o cenário teórico da psicologia? Como se posicionam entre uma linha teórica e outra? Como essa escolha se relaciona com sua prática? Essa escolha afeta a maneira como se vê enquanto psicóloga? A maneira como se vê enquanto psicóloga afeta essa escolha? Foram conduzidas entrevistas com dois psicólogos atuantes sobre suas experiências, estabelecendo três eixos de análise para o que foi trazido, nomeados aqui como desenhando as linhas, direcionamento e negociação. Na parte final, dividida em oito ensaios reflexivos, são propostos alguns processos e dimensões para conceber nosso entendimento qualitativo de como as psicólogas constroem seu próprio posicionamento teórico na psicologia, como um processo que ocorre tanto nos níveis individual quanto coletivo, considerando as implicações de nossa perspectiva para a formação em psicologia, a institucionalização, a negociação teórica da psicologia e a metodologia de tais estudos.

Psychology is divided in different systems, each a tradition with its own postulates, assumptions, methodology, themes and ethics. This division, not being purely theoretical, is built into the institutionalisation of psychology, shaping career paths and identities within this field. For the individual psychologist, positioning herself in relation to those dividing lines is a practical imposition. But the experience of what those divisions are, what they represent, and how such choices are made, varies greatly from one psychologist to another, and we are not fully self-conscious of the process. In this qualitative research, developed in the framework of semiotic cultural constructivism, we aimed at investigating the following four interconnected questions: whats the relationship that acting psychologists have to the theoretical landscape of psychology? How do they position themselves across theoretical lines? How is this choice related to their practice? Does this choice affect the way they see themselves as psychologists, and vice-versa? Interviews were conducted with two acting psychologists about their own experiences, creating three axes of analysis to what they brought, in here named as drawing the lines, directioning and negotiation. From this, in the final part, divided in eight reflective essays, its proposed a few processes and dimensions to conceptualise our qualitative understanding of how psychologists build their own theoretical positioning within psychology, as a process that happens both in individual and collective dimensions, considering what our standpoint implicates for the learning of psychology, the institutionalisation, the theoretical negotiation of psychology, and the methodology in such studies.