A presente pesquisa elaborou um delineamento acerca dos aspectos ontológicos, epistemológicos e éticos do Construtivismo Semiótico-Cultural em Psicologia (CSC) com o intuito de se refletir acerca das possibilidades dessa perspectiva na prática clínica em psicologia. A partir do delineamento acerca dos aspectos acima referidos, foi feita uma discussão acerca da importância deles para a clínica psicológica e como isso se traduz em uma possível clínica a partir desses aspectos delineados do CSC. Esta dissertação delimitou o conceito de clínica a partir de Foucault (1977), compreendendo-a como a relação entre três principais princípios: passagem de uma teoria para a prática; disponibilidade a transformar o conhecimento a partir da prática; e necessidade de se manter um distanciamento entre o saber e a prática para que a novidade possa se expressar. A partir da discussão dos aspectos ontológicos, epistemológicos e éticos do CSC, pude relacionar cada aspecto com o delineamento de clínica desenvolvido na pesquisa. Por fim, defendo que uma clínica, que se oriente a partir dos aspectos éticos, ontológicos e epistemológicos do CSC, a partir dos estudos e reflexões feitas nessa dissertação, seja uma clínica que mantenha uma relação dialógica constante entre conhecimento e prática, onde se disponha a compreender e se fazer compreender com o outro, e que se permita ser surpreendido e transformado pelo outro.

The present research elaborated an outline about the ontological, epistemological and ethical aspects of Semiotic-Cultural Constructivism in Psychology (SCC) in order to reflect on the possibilities of this perspective in clinical practice in psychology. Based on the outline of the aspects mentioned above, a discussion was carried out about their importance for the psychological clinic and how this translates into a possible clinic based on these aspects outlined in the SCC. This dissertation delimited the concept of the clinical practice from Foucault (1977), understanding it as the relationship between three main principles: passage from theory to practice; readiness to transform knowledge from practice; and the need to maintain a distance between knowledge and practice so that the novelty can be expressed. From the discussion of the ontological, epistemological and ethical aspects of the SCC, I was able to relate each aspect with the clinical design developed in the research. Finally, I argue that a clinic, which is guided by the ethical, ontological and epistemological aspects of SCC, based on the studies and reflections made in this dissertation, is a clinic that maintains a constant dialogical relationship between knowledge and practice, where the clinician is willing to understand and make himself understood with the other and who allows himself to be surprised and transformed by the other.