A presente pesquisa surge de uma articulação entre meus estudos sobre militância bissexual e as questões de pesquisa feitas à luz da psicologia cultural semiótico-construtivista. No campo das orientações sexuais não-monossexuais que experimentam atração sexual e/ou romântica, emergem tensionamentos que se estruturam e se relacionam entre si. Entre eles podemos nomear: a grande quantidade de orientações sexuais nomeadas que existem e o porquê de serem mantidas hoje; as tentativas de organizar o campo multifacetado e os processos de aproximações e afastamentos entre diferentes orientações sexuais. Proponho a noção de monodissidência como designando um campo-tema, visando organizar o campo complexo e multifacetado de identidades sexuais, questionando bissexualidade como termo guarda-chuva e buscando contemplar o espectro de orientações sexuais que se atraem por mais de um gênero. Essa pesquisa busca ilustrar a proposta de entender militância como uma possibilidade de diálogo, em uma perspectiva dialógica que permite uma abertura ao diálogo e autoquestionamentos. Faço isso a partir do estudo dos materiais selecionados segundo o método da participação observante, identificando quais são, e como se estabelecem, os tensionamentos que existem dentro do campo-tema designado por monodissidência, em especial em seu recorte atravessado pela militância. Busco, enquanto objetivos específicos, entender o que militantes monodissidentes sentem e pensam acerca da realidade em que estão inseridos, levando em conta seus objetos simbólicos e materiais, investigando o que é consenso entre eles e o que ainda está em disputa, sobretudo no que tange aos temas da monodissidência em si. Com isso, pretendo favorecer as condições de criar ferramentas e instrumentos para que monodissidentes construam suas vivências e militâncias num habitar sereno e confiado. Os dados foram construídos a partir da análise de textos que versam sobre os temas da bissexualidade, da pansexualidade, e também sobre monodissidência. Foram articulados trabalhos acadêmicos com textos militantes, correlacionando ambos com literatura acadêmica pertencente ao campo do construtivismo semiótico-cultural em psicologia

The present research arises from an articulation between my studies on bisexuality activism and the research questions made in the light of semiotic-constructivist cultural psychology. In the field of non-monosexual sexual orientations that experience sexual and/or romantic attraction tension, structured and related to each other, arises. Among them we can name: the large number of named sexual orientations that exist and why they are maintained today; the attempts to organize the multifaceted field, the processes of approximations and distances between different sexual orientations. I propose the notion of monodissent as designating a theme field, aiming to organize the complex and multifaceted field of sexual identities, questioning bisexuality as an umbrella term, seeking to contemplate the spectrum of sexual orientations that are attracted by more than one gender. This research seeks to illustrate the proposal of understanding activism as a possibility of dialogue, in a dialogical perspective that allows an opening to dialogue and self-questions. I do this from the study of the selected materials according to the method of observant participation, identifying what are, and how they are established, the tensions that exist within the theme field called monodissent, especially in its cut crossed by activism. I seek, as specific objectives, to understand what monodissent activists feel and think about the reality in which they are inserted, taking into account their symbolic and material objects, investigating what is a consensus between them and what is still in dispute, especially with regard to the issues of monodissent itself. With this, I intend to favor the conditions of creating tools and instruments for monodissidents to build their experiences and activisms in a serene and trusted dwelling. The data were built from the analysis of texts that deal with the themes of bisexuality, of pansexuality, and also about monodissent. Academic works were articulated with militant texts, correlating both with academic literature belonging to the field of semiotic-cultural constructivism in psychology