Comportamentos relacionados com a empatia em animais são extremamente interessantes do ponto de vista motivacional, cognitivo, moral e evolutivo. Por seu caráter contraintuitivo no que diz respeito à seleção natural, comportamentos pró-sociais relacionados com a empatia chamaram a atenção de diversos pesquisadores e inspiraram pesquisas com várias espécies de animais nas últimas décadas. A fim de introduzir o tema da empatia animal, o primeiro capítulo dessa dissertação constitui-se em um ensaio cujo objetivo foi fornecer reflexões sobre a empatia animal sob a luz da etologia. O segundo capítulo apresenta uma pesquisa empírica na qual investigamos como os cães reagem quando observam uma pessoa chorando por meio de um paradigma de prisão adaptado. Experimentos anteriores observaram que cães são capazes de abrir uma porta para resgatar seu tutor de dentro de uma caixa, e abriam a porta com mais frequência ou menor latência na condição em que o tutor estava estressado em comparação com a condição que ele estava calmo. Em nosso experimento, ao invés de abrir uma porta, o cão poderia se comunicar com a experimentadora que estava ao lado da grade que o separava da pessoa (atriz) em estado de estresse (chorando). Nossos resultados mostraram que os cães alternam mais olhares entre a atriz e a experimentadora e a atriz e o tutor quando a atriz inacessível estava chorando em comparação com a condição neutra. Também encontramos que a frequência de olhares para o tutor e atriz e a duração do olhar para a atriz foi maior na condição de choro em comparação com a fala. Além disso, observamos que a frequência de vezes que os cães foram para posição próxima da atriz foi maior na condição choro do que na fala. Essa é a primeira vez que um estudo testou a possibilidade de os cães serem capazes de usar a comunicação como uma ferramenta para viabilizar o comportamento pró-social

Behaviors related to empathy in animals are extremely interesting from a motivational, cognitive, moral and evolutionary point of view. Due to its counter-intuitive nature regarding natural selection, pro-social behaviors related to empathy drew the attention of several researchers and inspired research with several species of animals in recent decades. In order to introduce the theme of animal empathy, the first chapter of this dissertation is an essay whose objective was to provide reflections on animal empathy in the light of ethology. The second chapter presents an empirical research in which we investigated how dogs react when they observe a person crying through an adapted prison paradigm. Previous experiments have observed that dogs are able to open the door by rescuing their tutor from a box, and open the door with more frequency or less latency in the condition where the tutor was stressed compared to the condition in which he/she was calm. In our experiment, instead of opening a door, the dog could communicate with the experimenter who was next to the fence that separated him/her from a person (actress) in stress (crying). Our main results showed that dogs alternated more gazes between the actress and the experimenter and the actress and the tutor when the inaccessible actress was crying compared to the neutral condition. We also found that the frequency of gazes at the tutor and the actress and the duration of gazing at the actress was greater in the crying condition compared to the speech condition. Furthermore, we found that the number of times that dogs moved to a position close to the actress was greater in the crying condition than in the speech. This is the first time a study has tested the possibility that dogs are able to use communication as a tool to enable the prosocial behavior