Esta pesquisa se desenha sobre um duplo recorte: o primeiro, é o de ser um estudo de caso (Daniel, 11 anos, diagnóstico médico de Transtorno do Espectro Autista); o segundo, é por ela ser orientada pela estratégia metodológica da Análise Institucional do Discurso (AID). Pela AID, a ideia de caso será organizada a partir dos conceitos estratégicos de instituição e de discurso, pois consideraremos o caso como um dispositivo que configura um conjunto de práticas discursivas que, num determinado momento e lugar, produzem certos efeitos e modos de subjetivação. Assim, que o que se coloca como o objeto de análise (o caso) será, então, pensado como todo o contexto das relações institucionais, bem como as diferentes formas de exercício e de configuração dos lugares institucionais ocupados por alguém. Esse alguém, nesta pesquisa, é Daniel, um menino que tem diagnóstico médico de autismo, mas, mais importante, que não fala. E na impossibilidade de falar, o discurso de Daniel é corpo e movimento; suas expressões, seus modos de ser e de agir, sua comunicação são, sempre, pelo, no e com seu corpo. Por isso, Daniel impõe a esse trabalho a condição de ser um estudo analítico dos modos de subjetivação de um menino privado da fala como forma de ação sobre e nas relações que vive. Dessa forma, essa pesquisa se coloca uma pergunta limite: como desenhar o quadro de uma analítica da subjetividade, em meio à materialidade dos acasos e acontecimentos da história do Daniel e do acompanhamento terapêutico que dele faço?

This research draws on a double scope: first is to be a case report (Daniel, 11 years old, medical diagnosis of Autistic Spectrum Disorder); second is because it is guided by the methodological strategy of Institutional Analysis of Discourse (IAD). By IAD, the idea of case will be organized from strategic concepts of institution and discourse, as we will consider the case as a device that configures a set of discursive practices that, at a given moment and place, produce certain subjectivation effects. Thus, the analysis object (the case) configured by this methodological-conceptual scope will then be thought as the whole institutional relations context, as well as the different forms of exercise and configuration of institutional places occupied by someone. This someone in this research is Daniel, a boy who has a medical diagnosis of autism but, most importantly, who does not speak. And in the impossibility of speaking, Daniel's speech is body and movement; their expressions, their ways of being and acting, their communication are always by, in and with their body. For this reason, Daniel imposes on this work the condition that it is an analytical study of the subjectivation modes of a boy deprived of speech as a type action on and in the relationships he is involved with. Thus, this research poses a limit question: how to draw the framework of a subjectivity analytics, amidst the materiality of the events of Daniel's history?