Esta tese teve como objetivo identificar de que maneira o espaço interferia na ação lúdica da criança e como as propriedades do ambiente modificavam o seu brincar, levando-se em consideração os fatores organizacionais e multissensoriais presentes nas múltiplas dimensões e territórios lúdicos. Procurou também caracterizar o brincar da criança contemporânea nos locais públicos e áreas verdes urbanas, apontando se há diferenças entre a estrutura e a percepção do brincar nas cinco regiões do país, de acordo com o perfil sociodemográfico e com fatores socioeconômicos. Considerou-se também os benefícios do brincar para o desenvolvimento integral e sua interface com a saúde mental infantil, e para contemplar as bases desta pesquisa, foi feita uma revisão de escopo com o intuito de identificar, analisar e sintetizar os estudos sobre o brincar da criança nos diversos contextos urbanos. Foi realizada ainda uma pesquisa empírica da qual participaram 431 sujeitos a partir de 18 anos, perfilados como pais, mães e pessoas que cuidam de crianças, mas sem filhos, das cinco regiões do país. O embasamento teórico trouxe achados singulares e fez uma interface muito rica com os estudos no campo Multidisciplinar de Saúde, Arquitetura, Planejamento Urbano e Políticas Ambientais, além de uma vasta transversalidade entre os eixos temáticos da Saúde Mental, Ludicidade e Desenvolvimento Infantil. Validou-se o âmbito do território urbano de acordo com pressupostos biológicos, políticos e sociais das paisagens e espaços públicos, visando a compreensão dos impactos do ambiente e do design no bem-estar e no desenvolvimento biopsicossocial da sociedade. Na revisão de escopo foram destacados quatro eixos de análise de estudos relevantes para as pesquisas multidisciplinares, a saber: Benefícios para a Saúde Mental, Barreiras de Acesso aos Parques e Espaços Lúdicos, Relações Socioeconômicas e Multiétnicas, Características Desejadas nos Espaços Verdes ao Ar Livre. Os resultados indicaram que existe uma incidência mais frequente de transtornos mentais em áreas urbanas, especialmente nas cidades de maior porte. Na pesquisa empírica, as análises identificaram que há um entendimento sobre a importância do brincar da criança contemporânea nas áreas livres e espaços verdes urbanos, abrindo campo para amplas discussões em relação às políticas públicas favoráveis ao desenvolvimento sustentável e à implementação de espaços coletivos de lazer e recreação. Ficou evidente também que o uso de celulares e dispositivos para jogos eletrônicos é muito frequente e que as crianças passam um tempo excessivo em frente às telas. Embora os espaços públicos urbanos sejam considerados ambientes de fundamental importância para o enriquecimento das experiências infantis, as crianças contemporâneas não desfrutam suficientemente de seus benefícios, o que concerne ainda mais relevância a esta pesquisa, que traz a perspectiva da ludicidade como ancoragem necessária ao pleno desenvolvimento do potencial humano.

This thesis aimed to identify how space interfered in the child's playful action and how the properties of the environment modified their play, considering the organizational and multisensory factors present in the multiple dimensions and playful territories. It also sought to characterize contemporary childrens play in public places and urban green areas, pointing out whether there are differences between the structure and perception of play in the five regions of the country, according to the sociodemographic profile and socioeconomic factors. The benefits of playing for the integral development and its interface with children's mental health were also considered, and to contemplate the bases of this research, a scope review was carried out in order to identify, analyze and synthesize the studies on children's play in various urban contexts. It was also carried out an empirical research in which 431 subjects aged over 18 years participated, profiled as fathers, mothers and people who take care for children, but without children, from the five regions of the country. The theoretical basis brought unique findings and made a very rich interface with studies in the multidisciplinary field of Health, Architecture, Urban Planning and Environmental Policies, in addition to a vast transversality between the thematic axes of Mental Health, Playfulness and Child Development. The scope of the urban territory was validated according to biological, political and social assumptions of landscapes and public spaces, aiming to understand the impacts of the environment and design on the well-being and biopsychosocial development of society. In the scoping review, four axes of analysis of studies relevant to multidisciplinary research were highlighted, namely: Benefits for Mental Health, Acess Barriers to Parks and Playful Spaces, Socioeconomic and Multiethnic Relations, Desired Characteristics in Outdoor Green Spaces. The results indicated that there is a more frequent incidence of mental disorders in urban areas, especially in larger cities. In the empirical research, the analyses identified that there is an understanding about the importance of contemporary children's play in free areas and urban green spaces, making room for broad discussions in relation to public policies favorable to sustainable development and the implementation of collective spaces for leisure and recreation. It was also evident that the use of cell phones and devices for electronic games is very frequent and that children spend excessive time in front of screens. Although urban public spaces are considered environments of fundamental importance for the enrichment of children's experiences, contemporary children do not sufficiently enjoy their benefits, which concerns even more relevance to this research, bringing the perspective of playfulness as a necessary anchorage for the full development of human potential.