O presente trabalho procurou avaliar a influência de dois modelos de estresse e do tratamento neonatal com capsaicina sobre a inflamação pulmonar em ratos Wistar. Através do registro de vocalizações ultrassõnicas (VU's), constataram-se os níveis de ansiedade e de estresse. A resposta inflamatória foi induzida através de uma reação anafilática decorrente do desafio inalatório ao antígeno ovoalbumina, em ratos OVA-sensibilizados há 14 dias. Os modelos de estresse aplicados nos animais foram, respectivamente: 1 - Estresse por confrontação social de ratos invasores contra ratos residentes dominantes e 2 - Estresse em esquiva ativa composta por 13 sessões diárias de choques escapáveis, pareados ao som de uma campainha, seguidas de uma sessão de choques inescapáveis, pareados ao mesmo som. Através de testes de função respiratória, avaliaram-se os índices de elastância e resistência do sistema respiratório. Observou-se maior intensidade da resposta inflamatória pulmonar de elastância e resistência nos animais submetidos aos modelos de estresse, em relação aos animais do grupo controle não submetidos aos modelos de estresse descritos; constatou-se que os animais tratados neonatalmente com capsaicina e submetidos ao modelo de estresse apresentaram uma diminuição nos índices de elastância basal do sistema respiratório, em relação aos não estressados. Não foram observadas diferenças significativas nos percentuais de aumento do óxido nítrico encontrado no ar exarado dos animais não tratados com capsaicina. Tomados em conjunto, os presentes resultados sugerem: 1- uma correlação positiva entre os níveis de ansiedade/estresse e a resposta inflamatória pulmonar; 2- um efeito inibitório do estresse, em animais tratados com capsaicina sobre os índices de elastância do sistema respiratório. Estes dados foram interpretados levando-se em conta as relações bidirecionais existentes entre os sistemas nervoso e imunológico, bem como uma ação de neuropeptídeos liberados junto ao tecido peribrõnquico das vias aéreas.

The present work was designed to study the influence of two stress models and the capsaicin neonatal treatment on lung inflammation in Wistar rats. Stress and anxiety leveis were measured through ultrasonic vocalizations. The inflammatory response was induced by anaphylatic reaction to an OVA-inhalatory challenge 14 days after a sensitization with OVA antigen. The stress models applied to the animais were respectively: 1 - Social confrontation of intruder rats vs dominant and resident rats; and 2 - 13 daily sessions of escapable shocks discriminated by a sound stimulus, and by one session of inescapable shocks discrimínated by the same stimulus unto a shuttle box chamber. The pulmonary indexes e.g. elastance and resistance of airway were increased in stressed rats. Moreover, stressed animais showed a larger elastance index of airways evaluated by respiratory function in mechanical ventilation when compared to non-stressed control groups. Capsaicin neonatally-treated animais that were submitted to stress exhibited decreased airways basal elastance indexes in relation to animais treated with control solution compared to non-stressed animais. Differences were not observed in the content of nitric oxide in the exhaled air of rats not treated with capsaicin. Taken together, these data suggest: 1 . The existence of a positive correlation between anxiety and stress leveis, and decrement of lung inflammatory response; 2. An inhibitory effect of capsaicin on airways elastance indexes. Data were discussed considering the bidirectional relationships between nervous and immune systems as well as the actions of neuropeptides, released in the proximity of the peribronchial airway tissues.