A malária associada à gravidez representa um grande problema de saúde pública. Atualmente, estima-se que 125 milhões de gestantes no mundo estejam expostas ao risco de contrair essa doença. A malária associada à gravidez é definida pela presença de Plasmodium spp. no sangue periférico e/ou na placenta, capaz de acarretar anemia materna, restrição do crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer e diminuição da viabilidade fetal. No Brasil, observa-se um predomínio das infecções causadas por Plasmodium (P.) vivax, onde 95% dos casos ocorrem na Amazônia Legal. Por se tratar de uma doença de magnitude e de efeitos adversos para a mãe e o feto, é necessário a identificação de biomarcadores preditivos para um rápido diagnóstico da enfermidade. Foi realizado um estudo transversal com gestantes residentes na região do Alto Juruá (Acre). As consequências e a extensão dos efeitos da malária gestacional foram avaliadas através da coleta de dados biológicos e epidemiológicos de gestantes com ou sem infecção por P. vivax. Neste trabalho, parâmetros histológicos placentários como, agregados nucleares sinciciais, espessamento da barreira placentária e infiltrado inflamatório foram analisados quantitativamente. Para a quantificação dos biomarcadores em plasma periférico foi utilizada a técnica ELISA. Entre as alterações histológicas placentárias, se observou um aumento no número de agregados nucleares sinciciais (16,12±7,68 vs 13,93±5,96 - p<0,05) e do infiltrado inflamatório (9,4±6,0 vs 6,3±4,0 - p<0.001) em gestantes com malária. Além disso, identificou-se o espessamento da barreira placentária nessas gestantes (2,73±0,68 vs 2,53±0,51 - p<0,05). Em relação aos biomarcadores, verificou-se um aumento sérico nos níveis de sFlt-1(8796,9 vs 6414,21 pg/mL - p<0,05) e proteína C reativa (1327,13 vs 1046,12 pg/mL - p<0,05) e uma redução significativa nos níveis plasmáticos de leptina (1014,88 vs 1152,97 pg/mL - p<0,05) entre as gestantes que apresentaram infecção por P. vivax quando comparadas as gestantes não infectadas. Estes resultados indicam que as alterações geradas no ambiente placentário podem ser decorrentes de distúrbios locais e sistêmicos e que, em conjunto, contribuem para um desfecho desfavorável durante a malária gestacional e, portanto, merecem especial atenção para a implantação de estratégias preventivas e curativas no controle da malária durante a gravidez.

Malaria in pregnancy is a serious public health. Currently is estimated approximately 125 million of pregnancies in the world are exposed to the risk of malaria infection. Malaria in pregnancy is characterized by the presence of Plasmodium spp. in the peripheral blood and/or the placenta, consequently maternal anaemia, intrauterine growth retardation, low birth weight and decreased foetal viability. In Brazil, it is observed a prevalence of infections caused by Plasmodium (P.) vivax, where about 95% of cases occur in the Amazon Legal. Because it is a disease of great magnitude and adverse effects to the mother and the child, it is necessary to identify biomarkers predictive for a rapid diagnosis of the disease. A cross-sectional study was carried out with pregnant women living in the Alto Juruá region (Acre). The consequences of gestational infection were evaluated through the collection of biological and epidemiological data from pregnant women with or without P. vivax infection. The work had as main histological parameters, as nuclear aggregates, placental barrier thickness and inflammatory infiltrate were increasing quantitatively. Quantification of the biomarkers in peripheral plasma was done using the ELISA technique. Histological changes were observed in a number of nuclear aggregates (16.12±7.68 vs 13.93±5.96 - p<0.05) and inflammatory infiltrate (9.4±6.0 vs 6.3±4.0 - p<0.001) in pregnant women than the last malaria. In addition, the placental barrier thickening was identified in these pregnant women (2.73±0.68 vs 2.53±0.51 - p<0.05). In relation to the biomarkers, serum levels of sFlt-1 (8796.9 vs 6414.21 pg/mL - p<0.05) and C-reactive protein (1327.13 vs 1046.12 pg/mL - p <0.05) and a significant reduction in plasma levels of leptin (1014.88 vs 1152.97 pg/mL - p<0.05) among those with P. vivax infection when compared to uninfected pregnant women. This is an indication that germ changes in the environment may be erroneous, local and systemic, and that together contribute to an unfavorable outcome during gestational malaria and that deserve special attention for the implementation of preventive and curative strategies in the control of malaria during pregnancy.