A administração da doxorrubicina tem sido amplamente empregada no tratamento do câncer. Porém seu uso é limitado devido à manifestação de efeitos colaterais adversos como a perda muscular. Embasado na evidência de que muitos tipos de câncer são tratados com este quimioterápico, o objetivo do presente trabalho foi investigar o efeito de estratégias que potencialmente seriam capazes de minimizar os distúrbios musculares promovidos por esta antraciclina. Para isto camundongos C57BL/6 receberam solução salina (CT) ou foram submetidos ao tratamento com doxorrubicina (DOX) por 6 semanas. O grupo DOX foi ainda subdividido em animais que realizaram exercício físico aeróbio em esteira (DOX+EXER) ou receberam metformina (DOX+MET). A combinação com o exercício físico elevou a atividade de AMPk no músculo gastrocnêmio, melhorou o desempenho físico em esteira e protegeu contra o aumento de corticosterona. Já a associação com metformina apenas normalizou a concentração de corticosterona. Posteriormente investigamos o efeito da associação do exercício físico aeróbio à um curto período de tratamento com doxorrubicina em camundongos portadores de tumor, estabelecendo o efeito da interrupção da quimioterapia no músculo esquelético. Uma semana após o estabelecimento do carcinoma de pulmão Lewis (LLC), parte dos animais foi submetido ao tratamento quimioterápico isolado com doxorrubicina (LLC+DOX) ou submetidos à quimioterapia combinada com exercício aeróbio (LLC+DOX+EXER). A eutanásia ocorreu ao fim do ciclo quimioterápico ou uma semana após a última administração de doxorrubicina. Com a interrupção do tratamento quimioterápico, o exercício físico minimizou a retomada da taxa de crescimento do tumor, evitou a perda muscular tardia e impediu o aumento na expressão de proteínas envolvidas no catabolismo muscular (MuRF1, Atrogin1, Miostatina e FoxO) em relação ao tratamento isolado com doxorrubicina. Os resultados obtidos indicam que a combinação do exercício físico aeróbio durante o tratamento com doxorrubicina reverteu parcialmente os efeitos adversos deste quimioterápico, resultando em proteção contra a perda do desempenho muscular e normalização da concentração de corticosterona, este último também observado com a metformina. Efeitos mais consistentes foram encontrados com a continuidade do exercício físico após a interrupção da quimioterapia que, mesmo na presença do tumor, minimizou a perda muscular por meio da diminuição do catabolismo, reduziu a retomada do crescimento do tumor e evitou a redução da sobrevida.

The administration of doxorubicin has been widely used in the treatment of cancer. However, its use is limited due to the manifestation of adverse side effects such as muscle loss. Based on the evidence that many types of cancer are treated with this chemotherapy, the aim of the present study was to investigate the effect of strategies that could potentially be able to minimize muscle disorders caused by this anthracycline. For this, C57BL / 6 mice received saline solution (CT) or were submitted to treatment with doxorubicin (DOX) for 6 weeks. The DOX group was further subdivided into animals that performed endurance exercise on treadmill (DOX + EXER) or received metformin (DOX + MET). The combination with endurance exercise increased AMPk activity in the gastrocnemius muscle, improved physical performance on treadmill and protected against the increase in corticosterone. The association with metformin only normalized the concentration of corticosterone. Subsequently, we investigated the effect of the association of endurance exercise in a short period of treatment with doxorubicin in mice with tumor, establishing the effect of the interruption of chemotherapy on skeletal muscle. One week after the establishment of Lewis lung carcinoma (LLC group), part of the animals were subjected to chemotherapy treatment with doxorubicin (LLC + DOX) or subjected to chemotherapy combined with endurance exercise (LLC + DOX + EXER). Euthanasia occurred at the end of the chemotherapy cycle or one week after the last administration of doxorubicin. With the interruption of chemotherapy treatment, endurance exercise minimized the resumption of tumor growth rate, decreased the muscle loss and prevented the increased expression of proteins involved in muscle catabolism (MuRF1, Atrogin1, Myostatin and FoxO) in relation to the isolated treatment with doxorubicin. The results obtained indicate that the combination of endurance exercise during treatment with doxorubicin partially reversed the adverse effects of this chemotherapy, resulting in protection against the loss of muscle performance and normalization of the corticosterone concentration. More consistent effects were found with the continuity of endurance exercise after the interruption of chemotherapy, which, even in the presence of the tumor, minimized muscle loss by decreasing catabolism, reduced the resumption of tumor growth and prevented reduced survival.