A escolha de parceiros pelas fêmeas é um processo fundamental que contribui para a seleção de uma ampla variedade de traços sexualmente selecionados nos machos. Durante muito tempo, foi amplamente assumido, tanto teoricamente quanto empiricamente, que fêmeas de uma população possuem preferências consistentes por determinados traços masculinos. No entanto, evidências crescentes sugerem uma considerável variação interindividual em vários componentes relacionados à escolha de parceiros, incluindo, por exemplo, a preferência por ornamentos masculinos. Nesta tese, buscamos entender (1) a influência de fatores ecológicos, sociais e fisiológicos na evolução e manutenção da variação interindividual na escolha de parceiros pelas fêmeas e (2) as potenciais implicações dessa variação para a força e direção da seleção sexual sobre os traços sexualmente selecionados nos machos. Para abordar essas questões, utilizamos modelos computacionais para simular interações entre machos e fêmeas durante uma estação reprodutiva e ao longo de várias gerações. Os resultados mostram que a quantidade de variação nos ornamentos masculinos é o fator mais relevante e que impulsiona positivamente a evolução da variação interindividual na seletividade das fêmeas; provavelmente devido aos benefícios indiretos associados ao acasalamento com machos de maior qualidade. Além disso, fatores como a quantidade de recursos disponíveis para as fêmeas e o custo da busca por parceiros também influenciam a evolução da variação interindividual na seletividade, embora em menor grau. As consequências da variação interindividual na escolha de parceiros pelas fêmeas sobre a evolução dos ornamentos masculinos dependem do componente específico da escolha de parceiros que está sendo considerado (i.e., preferência ou seletividade), o tipo de função de preferência (fechada ou aberta) e a magnitude de variação interindividual na preferência feminina em comparação com a variação nos traços masculinos. Em resumo, esta tese destaca a necessidade de considerar diversos fatores que influenciam a evolução e manutenção da variação interindividual na preferência das fêmeas. Adicionalmente, ressalta a importância de investigar tanto a preferência quanto a seletividade ao avaliar o efeito da escolha de parceiros pelas fêmeas na evolução de traços sexualmente selecionados nos machos. Futuros estudos devem explorar empiricamente as predições apresentadas aqui em diversas espécies e contextos ecológicos para obter uma compreensão abrangente sobre a dinâmica da escolha de parceiros.

Mate choice is a critical process contributing to the selection of a diverse range of sexually selected male traits. For a long time, it was widely assumed, both theoretically and empirically, that females in a population exhibit consistent preferences for male traits. However, growing evidence now suggests substantial interindividual variation in various components related to mate choice, including for instance the preference for male ornaments. Nonetheless, there is still much to understand about the causes and consequences of this variation. This thesis aims to investigate two key aspects: (1) the influence of ecological, social, and physiological factors on the evolution and maintenance of interindividual variation in female mate choice, and (2) the potential implications of such variation for the strength and direction of sexual selection acting on sexually selected male traits. To address these questions, we employed computational models to simulate the interactions between males and females during a mating season and over multiple generations. The findings reveal that the amount of variation in male ornaments is the most influential factor positively driving the evolution of interindividual variation in female choosiness, likely due to the associated fitness benefits of mating with the highest-quality males in the mating pool. Additionally, factors such as the quantity of resources available to females and the cost of mate searching also affect the evolution of interindividual variation in choosiness, but to a lesser extent. Furthermore, the study demonstrates that the consequences of interindividual variation in female mate choice on the evolution of male ornaments depend on several factors, including the specific component of mate choice being considered (i.e., preference or preference strength), the type of preference function (closed or open-ended), and the magnitude of interindividual variation in female preference compared to male trait variation. In summary, this thesis highlights the importance of considering the several factors that influence the evolution and maintenance of interindividual variation in female preference. Additionally, our findings emphasize the importance of investigating both preference and preference strength when assessing the effect of female mate choice on the evolution of sexually selected male traits. Future studies should empirically explore the predictions presented here in various species and ecological contexts to gain a comprehensive understanding of the mate choice dynamics.