O estudo das espécies de Metzgeriaceae no Brasil, foi baseado na análise de coleções de herbários nacionais e estrangeiros, em materiais coletados e observações de campo. Da literatura consultada constavam 28 espécies e sete variedades para o Brasil, das quais oito espécies (Metzgeria effusa Steph., M. crenata Steph., M. crenatiformis Schiffn., M. grandiretis Schiffn., M. jackii Steph., M. nudicosta Steph., M. sclerocosta Kuwah., M. vivipara A. Evans) e sete variedades (M. angusta Steph. var. pectinata Schiffn., M. brasiliensis Schiffn. var. subnuda Schiffn.; M. jackii Schiffn. var. valida Schiffn., M. jackii var. subnuda Schiffn., M. leptomitra Spruce var. longifurca Spruce, M. leptoneura Spruce var. breviseta Schiffn., M. psilocraspeda Schiffn. var. cornuta Schiffn.) caracterizam-se como sinónimos novos. Seis táxons são ocorrências novas (M. agnewii Kuwah., M. consanguínea Schiffn., M. hegewaldii Kuwah., M. lechleri Steph., M. scyphigera A. Evans e M. uncigera A. Evans), sendo reconhecidas um total de 26 espécies e duas variedades da família para o Brasil. São apresentadas chave para identificação dos táxons, descrições, comentários taxonômicos, ilustrações, e mapa de distribuição geográfica para cada táxon. As espécies são, em sua grande maioria, epífitas crescendo sobre tronco e ramos de árvores do ecossistema mata atlântica. No estudo dos padrões de distribuição geográfica, reconhece-se as regiões sudeste e sul como o centro de diversidade genética da família e a mata atlântica como a formação florestal com maior número de espécies. 15 espécies (57%) são neotropicais, sendo seis destas (23%), restritas ao território brasileiro. Dez espécies (46%) estão restritas a florestas primárias e seis (23%) são consideradas vulneráveis, devido principalmente, a restrição a mata atlântica do sudeste e sul do pais, que sofre um processo intenso e crescente de degradação, contando atualmente com 6% da área original. Apresenta-se uma análise filogenética preliminar para o grupo de espécies, tomando-se como grupo externo Metzgeria pubescens. Com base nesta análise, as espécies de Metzgeria mostram-se como um grupo monofilético e as suas afinidades permitem questionar os subgêneros, seções e subseções existentes para Metzgeriaceae.

In the present work a taxonomic study of the brazilian Metzgeriaceae is presented. The study was carried out using material from national and foreign herbaria, as well as specimens collected and field observations. The literature consulted cited 28 species and seven varieties to Brazil, of these eigth species (Metzgeria effusa Steph., M. crenata Steph., M. crenatiformis Schiffn., M. grandiretis Schiffn., M. jackii Steph., M. nudicosta Steph., M. sclerocosta Kuwah., M. vivipara K. Evans) and seven varieties (M. angusta Steph, var. pectinata Schiffn., M. brasiliensis Schiffn. var. subnuda Schiffn.; M. jackii Schiffn. var. valida Schiffn., M. jackii var. subnuda Schiffn., M. leptomitra Spruce var. longifurca Spruce, M. leptoneura Spruce var. breviseta Schiffn., M. psilocraspeda Schiffn. var. cornuta Schiffn.) are new synonyms. Six taxa are new records (M agnewii Kuwah., M. consanguinea Schiffn., M. hegewaldii Kuwah., M. lechleri Steph., M. scyphigera A. Evans e M. uncigera A. Evans) and a total of 26 species and two varieties are recognized for the family in Brazil, The work provides identification key to the species treated, descriptions, taxonomic comments, ilustrations, and distribution maps. Almost all species are epiphytes, growing on tree trunks and branches in the Atlantic Rainforest ecossystem. The major center of genetic diversity of the family in Brazil is the Atlantic Rainforest of the southeast and south regions. Fifteen species (57%) are neotropicals, being six (23%) restrict to Brazil. Ten taxa are restrict to primary forests, six of which (23%) are considered vulnerables (VU), due mainly to its restrict distribution to Atlantic Rainforest of the southeast and south regions in the country. A preliminary cladistic analysis of the Metzgeria species is presented and the characters were polarized using Metzgeria pubescens as the outgroup. This analysis presents the species of Metzgeria as a monophyletic group, although the subgenera, sections and subsections of this genus were not considered as such.