As Residências Multiprofissionais em Saúde são decorrentes de políticas públicas de formação que objetivam qualificar a atuação dos diferentes profissionais de saúde em áreas prioritárias do Sistema Único de Saúde (SUS). A Residência Multiprofissional em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (RMPICS) da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo teve início em março de 2016, e desde então, tem sido repensada e reestruturada. Esta pesquisa-intervenção-poética discute a formação em saúde nessa Residência em diálogo com a dança e utilizando as obras Ensinando a transgredir: A educação como prática da liberdade de bell hooks e Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire como referencial teórico-conceitual. Ela problematizou a inserção da educação física na RMPICS, assim como os processos e projeto de formação da Residência, analisando a contribuição da área específica para a atuação no SUS. De março a agosto de 2022, as reuniões do colegiado interno da RMPICS foram sistematizadas e deixadas em um drive como um convite para que todas as pessoas envolvidas com a Residência coordenadores, preceptores, residentes e colaboradores contribuíssem com o documento. Para a análise foi utilizada a sistematização de experiências de Oscar Jara Holliday, que interpreta criticamente os processos vividos nas reuniões para problematizar o cotidiano. A sistematização, portanto, foi ordenada em quatro passos Passo Carrossel, Passo Picado, Passo Pequenos Saltos e Passo Flexão e cada um trabalha os principais temas presentes nas reuniões do colegiado: o estágio nos cenários de prática, as aulas teóricas, os Trabalhos de Conclusão de Residência e a avaliação. Eles são apresentados separadamente, mas, juntos, compõem o projeto de formação da RMPICS e indicam as práticas formativas, os referenciais e os conceitos comuns e suas relações. A organização dos passos possibilitou percebermos e analisarmos os processos de trabalho, a partir de uma reflexão crítica sobre a prática, um pensar sobre o fazer e ao mesmo tempo, atentos aos afetos que permearam as relações. A sistematização dessa experiência institucional aponta possibilidades para qualificar a formação para o SUS. Cada passo indica movimentos para a criação de outras formas de fazer-pensar coletivas, trazendo pistas de como pensar-fazer formações em saúde para o SUS e transformar a realidade

Multi-professional Health Residencies are the result of public training policies. They qualify the work of different health professionals at Unified Health System (SUS) priority areas. The Multi-professional Residency in Integrative and Complementary Health Practice (RMPICS) at the Municipal Department of Health of São Paulo began in March 2016. Since then, it has been rethought and restructured. This research-intervention-poetics discusses health training in a multi-professional residency in dialogue with dance and uses the works Teaching to Transgress: Education as the Practice of Freedom by bell hooks and Pedagogy of the Oppressed by Paulo Freire as a theoretical-conceptual reference. It problematized the insertion of physical education in RMPICS, the project and processes of health training, analyzing the area's contribution to work in SUS. From March to August 2022, the professional meetings of RMPICS were systematized and left on a drive as an invitation for collaboration of all people involved with the Residency coordinators, preceptors, residents, and collaborators. For the analysis, we worked with the systematization of experiences proposed by Oscar Jara Holliday, which sought to critically interpret the processes experienced in meetings to problematize everyday life. The systematization, therefore, was organized into four steps Step Carousel, Step Chopped, Step Small Jumps and Step Flexion and each one works on principal themes present in the professional meetings: the internship in the practice scenarios, the theoretical classes, the final paper and evaluation. Presented separately, but together, they compose the RMPICS education project and indicate the training practices, current references and concepts and their relationships. The systematization of the steps made it possible to understand and analyze the work processes based on a critical reflection on practice, thinking about doing, and, at the same time, paying attention to the affections that permeated the relationships. The systematization of this institutional experience points to possibilities for qualifying training for the SUS. Each step indicates movements towards creating other forms of collective thinking, providing clues on how to think about health training for SUS and transform reality