O processo de urbanização apresenta desafios para promover a mobilidade urbana sustentável, incluindo a priorização dos modos de transporte público e não motorizados, o que se torna ainda mais relevante ao considerar o Desenvolvimento Orientado ao Transporte (DOT). Nesse contexto, a mobilidade a pé desempenha um papel fundamental e compreender o alcance de pedestres em relação às estações de transporte público é essencial para elaborar políticas urbanas sustentáveis. O objetivo da pesquisa foi definir e sistematizar um método de análise do alcance de pedestres em áreas de influência de estações de metrô e trem e aplicá-lo em áreas selecionadas no município de São Paulo. O método de pesquisa incluiu uma revisão bibliográfica que identificou os fatores que afetam esse alcance, como uso misto do solo, condições das calçadas, densidade populacional, topografia e priorização da circulação de pedestres, assim como abordagens dedicadas ao estudo e sistematização da mobilidade a pé. Dessa abordagem teórica inicial resultou o método proposto, que consiste em oito etapas sequenciais, iniciado com a aplicação de questionários e seguido por um conjunto de levantamentos e análises numéricas e espaciais. Essas análises incluem isócronas baseadas em tempo de caminhada, comparações com os resultados da Pesquisa Origem e Destino e contagens no local, refinando, posteriormente, os polígonos de alcance de pedestres com base em sintaxe espacial, densidade populacional, condições das calçadas, uso do solo, inclinação, velocidade máxima das vias e disponibilidade de transporte público. Esse método foi aplicado em cinco áreas de estudo de caso do município de São Paulo - Brás, Vila Mariana, Tucuruvi, Butantã e Lapa -, e os resultados foram comparados com as zonas de adensamento urbano definidas pelo Plano Diretor Estratégico de 2014 e sua revisão intermediária de 2023. Os resultados mostraram que os diferentes procedimentos utilizados na definição do alcance de pedestres se complementam, refletindo a circulação de pedestres nas áreas estudadas. Barreiras físicas, como rios e ferrovias, e declivid Eades acentuadas influenciam diretamente no alcance, assim como a proximidade entre estações. Os questionários aplicados revelaram que as pessoas estão dispostas a caminhar distâncias maiores até as estações de transporte público, associadas à duração entre 10 e 15 minutos. Ao comparar os polígonos de alcance definidos pelo método proposto com as áreas de adensamento definidas pelo Plano Diretor de São Paulo de 2014 e sua revisão em 2023, constatou-se que a utilização de um raio simples para essa definição não reflete com precisão o alcance de pedestres. Ademais, em uma estratégia DOT, são fundamentais medidas de melhoria dos fatores que impactam no alcance de pedestres, para garantir o acesso às estações de metrô e trem e suportar a mobilidade a pé nessas áreas. Apesar das limitações da pesquisa, o estudo contribuiu ao questionar as abordagens e os critérios definidores do alcance de pedestres, propor um método para sua análise e identificar os fatores mais relevantes do alcance nos estudos de caso. Sugere-se que trabalhos futuros abordem o alcance no contexto de terminais e corredores de ônibus, automatizem processos e expandam a análise para outras cidades.

The process of urbanization presents challenges in promoting sustainable urban mobility, including prioritizing public and non-motorized modes of transportation, which becomes even more relevant when considering Transit-Oriented Development (TOD). In this context, pedestrian mobility plays a pivotal role, and understanding the pedestrian catchment areas around public transport stations is essential for crafting sustainable urban policies. The research's objective was to define and systematize an analysis method for pedestrian catchment areas around subway and train stations, and to apply it in selected areas within the municipality of São Paulo. The research method involved a literature review that identified factors affecting this catchment, such as mixed land use, sidewalk conditions, population density, topography, pedestrian circulation prioritization, as well as dedicated approaches to pedestrian mobility study and systematization. This theoretical study led to the proposed method, consisting of eight sequential steps, commencing with questionnaire application, followed by a set of surveys and numerical and spatial analyses. These analyses encompass walking-time-based isochrones, comparisons with Origin and Destination Survey results, and on-site counts. Subsequently, the pedestrian catchment polygons were refined using spatial syntax, population density, sidewalk conditions, land use, slope, maximum road speed, and public transport availability. This method was applied to five case study areas within São Paulo Brás, Vila Mariana, Tucuruvi, Butantã, and Lapa and the results were compared against the urban densification zones defined by the 2014 Strategic Master Plan and its 2023 interim revision. The results demonstrated that the different approaches employed in defining pedestrian catchment areas complement each other, reflecting pedestrian movement in the studied areas. Physical barriers such as rivers and railways, as well as steep slopes, directly influence the catchment, along with station proximity. Questionnaire responses indicated people's willingness to walk longer distances to public transport stations, particularly within the 10 to 15-minute duration range. When comparing the catchment polygons defined by the proposed method with the urban densification areas outlined in the 2014 São Paulo Master Plan and its 2023 revision, it was observed that using a simple radius for this definition does not accurately reflect pedestrian catchment. Furthermore, in a TOD strategy, improving factors impacting pedestrian catchment is essential to ensure access to subway and train stations and to support pedestrian mobility in these areas. Despite the research's limitations, it contributed by questioning pedestrian catchment approaches and defining criteria, proposing an analysis method, and identifying the most relevant factors in catchment studies. It is suggested that future work address catchment in the context of bus terminals and corridors, automate processes, and expand the analysis to other cities.