Este trabalho analisou como os algoritmos atravessam a experiência comunicativa de estudantes do 9º ano do ensino fundamental. Em nossas hipóteses, os públicos calculáveis, os mecanismos de predição e as dinâmicas de "bolhas" na internet passaram a ocupar lugar decisivo na constituição das sociabilidades, na ordem dos discursos e nos jogos de linguagem que estão em circulação nas escolas. Com efeito, buscamos verificar como a lógica algorítmica se materializa nas expressões comunicativas que surgem nas timelines, stories e reels, afinal, parte significativa dos padrões culturais e interesses de discentes e docentes está em movimento no Instagram, Youtube e TikTok. Sistematizamos evidências a partir de pesquisa de campo em três escolas municipais de ensino fundamental da DRE Campo Limpo, zona sul de São Paulo, e de atividades com Professores de Orientação Digital (POEDs). O objetivo foi identificar a abrangência dos signos das redes sociais para o que dizem, pensam e inter-relacionam alunas, alunos, professores e professoras. A partir de procedimentos qualitativos, produzimos dados que indicam quem são influencers, páginas e canais que mobilizam afetos e quais são as repercussões desses conteúdos para as relações sociais nas escolas. O avesso é uma abordagem teórico-metodológica que visa superar o viés instrumental e tecnicista das tecnologias para compreender os significados e sentidos que escolas localizadas em regiões periféricas atribuem às plataformas digitais. O nosso problema de pesquisa está centrado na interface Comunicação & Educação, enfatizando que os algoritmos não se limitam à computação programacional e ao imperativo das Big Techs, mas sim constituem um jogo híbrido entre humanos e não-humanos, inputs e outputs, que passou a integrar a produção de sentidos nos sistemas de ensino. Ao discutir conceitos como lacração e cancelamento, os resultados da pesquisa indicam uma ampla desagregação da trama cultural entre discentes e docentes, a dimensão do entretenimento como fator substancial das sociabilidades e, sobretudo, para a existência de jogos de projeção e identificação que fazem os jovens permanecerem por horas no TikTok, deslizando os dedos de um conteúdo para o outro.

This thesis analyzes how algorithms influence the behaviours and communicative experiences of 9th-grade students and the potential implications for daily school life. We hypothesized that the internet's prediction mechanisms and filter bubble dynamics have played a fundamental role in shaping sociability and ordering discourses in schools. As algorithms are essentially abstractions present in the digital world, we sought to understand how these technologies materializes in communicative expressions emerging on social media, timelines, stories, and reels, especially since a significant portion of the cultural patterns and interests of both students and teachers unfold on platforms like Instagram, YouTube, and TikTok. We collected data and produced evidence through field research in three elementary schools in São Paulo, Brazil. We also engaged with Digital Guidance Teachers (POEDs in its Portuguese acronym), intending to identify the extent to which social media symbols influence what students and teachers say, think, and relate to one another. Through our research methods, we collected data identifying key influencers, pages, and channels that drive emotional responses and analyzed the repercussions of these contents on social relationships within the school setting. Our qualitative framework aimed to move beyond technologies' instrumental and technicist bias, seeking to understand the meanings and emotions that schools in peripheral regions attribute to digital platforms. Our research question is centered at the intersection of Communication & Education, or Media Education, emphasizing that algorithms extend beyond mere programmatic computing and the mandates of Big Tech. They represent a hybrid dynamic involving both humans and non-humans, inputs and outputs, and have become integral to the education systems. In the contemporary cultural contexts of "haters" and "cancelling", our findings indicate a significant cultural disconnect between students and teachers. Entertainment emerges as a substantial factor in shaping sociabilities, and there's a distinct presence of projection and identification dynamics, factors that keep young individuals engaged on platforms like TikTok, endlessly swiping from one content piece to another.