Esta tese tem como objetivo geral compreender quais e como se articulam algumas das políticas de representação críticas ao estigma de jovens autores de atos infracionais no cinema brasileiro a partir do ano de 2002. Por máscara entende-se o conjunto de representações de caráter estigmatizante, que tende a homogeneizar aqueles a quem se faz referência, e contra a qual atuam os filmes em destaque desta pesquisa. Para alcançar o objetivo proposto, parte-se da hipótese de que algumas dessas políticas podem ser divididas em três eixos principais: faces reveladas, no qual o rosto dos jovens fica visível na narrativa, possibilitando a solidariedade e empatia entre o público e os personagens; laços de afeto, no qual esses sujeitos são representados como filhos, irmãos e amigos; culturas juvenis, no qual tais jovens são representados como integrantes e agentes dessas culturas. Todos esses eixos articulam, em sua materialidade discursiva, audiovisual e por vezes intermidiática, processos de humanização, recidadania e valorização das identidades, expandindo a concepção desses sujeitos para além dos atributos pejorativos que os conformam no imaginário social. Considerando um amplo quadro conceitual, em diálogo com autores de diferentes campos do conhecimento como as ciências da linguagem, as ciências sociais, o cinema, a comunicação e a filosofia, analisa-se quatro obras em particular: Juízo (Maria Augusta Ramos, 2007), Bróder (Jefferson De, 2011), Antônia (Tata Amaral, 2006) e A Vizinhança do Tigre (Affonso Uchoa, 2014). Em uma abordagem que busca alternadamente elementos internos e externos aos filmes, verificou-se como eles fazem parte de um mesmo horizonte discursivo, com a construção de abordagens solidárias aos jovens, na qual se incluem por vezes a presença marcante da trilha musical e de performances de masculinidade.

The general objective of this thesis is to understand which and how some of the representation policies critical to the stigma of young offenders are articulated in Brazilian cinema from 2002 onwards. By mask is understood the representations that tend to homogenize those who are referenced, and against which the featured films in this research work. To achieve the proposed objective, it is assumed that some of these policies can be divided into three main axes: revealed faces, in which the young peoples face is visible in the narrative, enabling sympathy and empathy between the audience and the characters; bonds of affection, in which these subjects are represented as children, brothers and friends; youth cultures, in which such young people are represented as members and agents of these cultures. All these axes articulate, in their discursive, audiovisual and sometimes intermedial materiality, processes of humanization, recitizenship and valorization of identities, expanding the conception of these subjects beyond the pejorative attributes that shape them in the social imaginary. Considering a broad conceptual framework, in dialogue with authors from different fields of knowledge such as language sciences, social sciences, cinema, communication and philosophy, four films are particularly analyzed: Behave (Juízo, Maria Augusta Ramos, 2007), Bróder (Jefferson De, 2011), Antônia (Tata Amaral, 2006) and The Hidden Tiger (A Vizinhança do Tigre, Affonso Uchoa, 2014). In an approach that alternately seeks internal and external elements to the films, it was verified how they are part of the same discursive horizon, with the construction of solidarity approaches to young people, in which the strong presence of the musical score and performances of masculinity are sometimes included.