Esta pesquisa prática-teórica tem o objetivo de explorar modos de agenciar, entrelaçar e montar a performance dos corpos com a performance audiovisual, em dispositivos criados a cada instância. Amplia relações de diferentes gêneros de performance com métodos de produção e montagem do cinema, para sugerir um novo termo, cine-performance, centrada na ação e modificação do corpo performático pelo aparato cinematográfico. A pesquisa foi desenvolvida a partir do meu trabalho como artista e cineasta e experimentação com a cine-performance. Essa conjunção de procedimentos apresenta um panorama de experimentos e intervenções entre meios. Rompe com relações causais entre a performance e como essa é construída em termos audiovisuais em termos de imagem e montagem e coteja produções relevantes de outros autores e artistas que examinam intersecções entre os temas elucidados. A performance é uma intervenção corporificada no mundo; instrumento de montagem/desmontagem de territórios e linguagens; elemento de composição visual e sonora no aparato fílmico; ação que pode ser repetida no espaço multimídia junto à projeção de sua imagem audiovisual corporificada (montagem composicional ao vivo). A Cine-Performance é potencialidade expressiva das múltiplas composições entre performance corporal e audiovisual. A performance presencial é corporificada em imagem através da captação audiovisual e reconfigura o corpo humano uma vez que, ao ser interpelado pela câmera, já começa a ser montado. Este pode ser remontado em tela única, ou por diversos arranjos em múltiplas telas. Em resumo, propomos a construção de uma montagem em camadas espaciais e temporais, que agenciam potencialidades poéticas entre performances corporais e audiovisuais. A cine-performance usa a linguagem do cinema para expor as relações da performance com seu contexto tendo em vista materializar em som e imagem os aspectos mais efêmeros e imateriais de qualquer ação que envolve o corpo. E essa relação depende de um corpo que monta uma enunciação cinemática dentro da própria performance, que ativa e chama a participação de gêneros de cinema que se materializam numa obra audiovisual.

This practice-based research aims to explore ways of conducting, intertwining and assembling performing bodies with audio-visual performance, through the creation of original dispositifs. It expands relations between different types of performance and cinematic production methods and editing, to suggest a new term, cine-performance, centered on the action and modification of the performing body by the cinematographic apparatus. This research has developed from my work as an artist and filmmaker experimenting with cine-performance. This combination of procedures presents a panorama of experiments and interventions across media. It breaks with causal relations between performance and how it is constructed in audiovisual terms - in terms of image and montage - and sites relevant productions from other authors and artists that examine intersections between the themes elucidated. Performance is embodied intervention in the world; an instrument for assembling / disassembling territories and languages; a visual and sound composition of the filmic apparatus; an arrangement that can be repeated in a multimedia space alongside the projection of its embodied audiovisual image (live compositional montage). Cine-Performance is an expressive potential of the multiple compositions between bodily and audio-visual performance. Live performance is embodied in image through audio-visual capture and the cameras and the editing processs reconfiguration of the human body. This can be reassembled on a single screen, or by several arrangements on multiple screens. In summary, we propose the construction of a montage in spatial and temporal layers, which combines poetic potentialities between bodily and audio-visual performances. Cine-performance uses the language of cinema to expose the relationship between performance and its context in order to materialize in sound and image the most ephemeral and immaterial aspects of any action involving the body. And this relationship depends on a performing body that assembles a cinematic enunciation within the performance itself, which activates and calls upon cinematic genres to materialize an audio-visual work.