Com o alastramento de uma lógica algorítmica, temos que levar em consideração esses elementos como agentes e constituintes da paisagem. Entendemos que a paisagem é muito mais do que um pano de fundo onde se dá a ação: ela é algo da ordem da ação, contemplando dimensões espaço-temporais que encapsulam uma série de elementos físicos, culturais, tecnológicos e estéticos. Seguindo esse direcionamento conceitual, discutimos algumas questões tecnossociais a respeito dos algoritmos de Inteligência Artificial, principalmente dos de previsão de rotas e dos filtros colaborativos. A partir de algumas definições, fazemos aproximações entre o algoritmo e o caminhar, apontando ambos como formas possíveis de habitar o mundo, explorando suas qualidades estéticas. Para isso, fazemos um levantamento de artistas e autores que trabalharam com esses assuntos. Como desdobramento prático desta pesquisa, apresentamos o desenvolvimento de um projeto artístico intitulado Paisagens Algorítmicas. O trabalho explora como usar sistemas de Inteligência Artificial de forma poética, com o objetivo de aproximar lugares geograficamente distantes através de uma série de operações. São três processos distintos, em que cada um alimenta o seguinte com seus resultados. O primeiro se trata de uma performance que culmina em uma caminhada algorítmica por duas cidades diferentes: Paris, França e Caxias do Sul, Brasil. Esta ação produz mais de 10.000 imagens que são utilizadas como conjunto dedados para a obra. A segunda parte consiste na análise dessas imagens por um software de aprendizado de máquina criado especialmente para este trabalho. Este software faz uma pesquisa reversa de imagens no conjunto de dados e encontra os locais mais semelhantes nas duas cidades distintas. A terceira parte do projeto consiste em várias operações poéticas nessas imagens, impressas em lâminas de acrílico, que são digitalizadas e se combinam em diferentes níveis de opacidade, gerando uma nova imagem do lugar intermediário. Com várias das imagens, criamos uma projeção mapeada em um prédio de uma terceira cidade, Belém, Pará. A projeção cria uma disrupção, que constrói uma nova camada da paisagem pela combinação de imagens projetadas e a própria imagem da cidade. Por fim, projetamos uma instalação interativa em que o foco da ação se dá na relação entre o caminhar e a paisagem.

With the increasing spread of algorithmic logic, we have to take these elements into account as agents and constituents of the landscape. We understand that the landscape is much more than a background where action takes place: it is something of the order of action itself, contemplating spatio-temporal dimensions that encapsulate a series of physical, cultural, technological and aesthetic elements. Following this conceptual direction, we discuss some technosocial issues regarding Artificial Intelligence algorithms, mainly those of route prediction and collaborative filters. Based on some definitions, we make approximations between the algorithm and walking, pointing out both as possible ways of inhabiting the world, exploring its aesthetic qualities. For this, we present artists and authors who have worked with these subjects. As a practical result of this research, we present the development of an artistic project entitled Algorithmic Landscapes. The work explores ways of using Artificial Intelligence systems poetically, allowing geographically distant places to become closer through a series of operations. There are three distinct processes, in which each one feeds the next with its results. The first is a performance that culminates in an algorithmic walk through two different cities: Paris, France and Caxias do Sul, Brazil. This action produces over 10,000 images used as a data set for the work. The second part consists of the analysis of these images by a machine learning software developed specifically for this work. This software does a reverse image search on the data set and finds the most similar locations in the two different cities. The third part of the project consists of several poetic operations on these images, printed on acrylic sheets, which are digitized and combined at different levels of opacity, generating a new image of the intermediate place. With several of the images, we created a veio-mapping projection on a building in a third city, Belém, Pará. This projection creates a disruption, which builds a new layer of the landscape through the combination of projected images and the image of the city itself. Finally, we designed an interactive installation where the focus of the action is on the relationship between walking and the landscape.