A presente tese reflete sobre a atuação da brasileira Eunice do Monte Lima Catunda, conhecida no meio como Eunice Katunda (1915-1990), no cenário musical brasileiro e internacional do século XX. A investigação enfocou a obra para piano da compositora, problematizando sua relação como criadora musical com a própria atuação enquanto intérprete do piano, identificando e verificando em que medida estas atividades influenciaram uma à outra. A pesquisa foi realizada a partir das análises de quatro eixos principais que se interpenetram e auxiliam mutuamente: bibliográfica, documental, musical e interpretativa. A análise documental observou, primordialmente, programas de concerto, buscando revelar a natureza e a extensão de seu universo repertorial; a análise musical comparou os procedimentos adotados pelos compositores interpretados por Eunice e os empregados por ela enquanto compositora, apontando possíveis semelhanças; a análise bibliográfica deu suporte às duas anteriores, servindo de fonte de pesquisa histórica, metodológica e filosófica no sentido das problematizações envolvidas no processo de pesquisa e a análise interpretativa proporcionou uma visão sobre a dimensão da influência exercida pela performance na apreensão de novas técnicas e procedimentos composicionais. Ressalta-se aqui o ineditismo da divisão da obra de Eunice Katunda em quatro fases, segundo a qual foram escolhidas as peças analisadas. São elas: Fase de Formação (até 1945), Fase Música Viva (1946-1950), Fase Nacionalista (1951-1968) e Fase Final (Após 1968). A pesquisa complementará o trabalho teórico por meio da edição das partituras, além da proposta de performance a ser realizada em recital pela pesquisadora, que também é pianista, com as obras analisadas no trabalho: Variações sobre um tema popular (1943), Quatro epígrafes (1948), Seresta Piracicaba (1965) e Expressão anímica (1979).

This dissertation reflects on the performance of the Brazilian Eunice do Monte Lima Catunda, best known as Eunice Katunda (1915-1990), in the Brazilian and international music scene of the 20th century. The investigation focused on the pianoswork of the composer, problematizing her relationship as a musical creator with her own performance as a piano performer, identifying and verifying to what extent these activities influenced one another. The research was realized based on the analysis of four main axes that interpenetrate and help each other: bibliographical, documental, musical and interpretative. The documentary analysis primarily observed concert programs, searching to reveal the nature and extent of their repertoire universe; the musical analysis compared the procedures adopted by the composers interpreted by Eunice and those appointed by her as a composer, pointing out possible similarities; the bibliographical analysis supported the two previous ones, serving as a source of historical, methodological and philosophical research in the sense of the problematizations involved in the research process and the interpretative analysis provided an insight into the dimension of influence exerted by performance in the apprehension of new techniques and compositional procedures. Here, we highlight the originality of dividing Eunice Katunda's work into four phases, according to which the analyzed pieces were chosen. They are: Formation Phase (until 1945), Música Viva Phase (1946-1950), Nationalist Phase (1951-1968) and Final Phase (After 1968). The research will complement the theoretical work by editing the scores, in addition to the performance proposal to be performed in recital by the researcher, who is also a pianist, with the works analyzed in the work: Variações sobre um tema popular (1943), Quatro epígrafes (1948), Seresta Piracicaba (1965) and Expressão Anímica (1979).