esta dissertação realiza um estudo analítico do livro Escuta, uma história de nossas orelhas, publicado Peter Szendy em 2001. A análise intenciona apresentar de modo descritivo o conjunto de teses e debates teóricos que o livro mobiliza a respeito da escuta musical. A obra analisada apresenta uma contribuição epistemológica significativa para os estudos acerca da escuta musical, na medida em que desloca este tema para além das abordagens baseadas na fenomenologia e no paradigma da escuta estrutural. Assim, tem-se uma abordagem que acolhe em seu núcleo a materialidade midiática, que aprecia o papel operatório da escuta nas práticas de reelaboração musical, e a dimensão constitutiva que processos inconscientes desempenham na escuta musical. A dissertação é organizada em três capítulos, cada qual dedicada a uma das três dimensões principais de debates teóricos apresentados no livro, sendo a primeira camada um diagnóstico do regime moderno da escuta; a segunda, a elaboração de uma contra-narrativa da noção de obra musical elaborada ao longo da modernidade europeia; e a terceira, uma abordagem do tema da plasticidade da escuta a partir das noções de fonogramatização da música em geral e transmissibilidade da escuta. Ao longo de três capítulos, a dissertação remonta os estudos de caso abordados pelo livro, a partir dos quais ele posiciona suas teses, e intenciona explicitar a singularidade deste livro no contexto dos trabalhos acadêmicos realizados na intersecção entre filosofia e estudos do som.

This dissertation carries out an analytical study of the book Listen: a history of our ears, published by Peter Szendy in 2001. This analysis aims to present the set of theses and theoretical debates that the book mobilizes about the concept of musical listening. The analyzed work presents a significant epistemological contribution to studies about listening, as it moves this theme beyond the usual approaches based on phenomenology and on the paradigm of structural listening. Szendys approach on listening embraces media materiality at its core, appreciating the operative role of listening in practices of musical re-elaboration such as arrangement and remixes, along with the constitutive dimension that unconscious processes play in musical listening. The dissertation is organized into three chapters, each dedicated to one of the three main dimensions of theoretical debates presented in the book, the first layer being a diagnosis of the modern regime of listening; the second, the elaboration of a counter-narrative of the notion of musical work developed throughout European modernity; and the third, an approach to the theme of the plasticity of listening based on the notions of phonogrammatization of music in general and transmissibility of listening. Over the three chapters, the dissertation goes back to the case studies covered by the book, from which he positions his theses, and intends to explain the singularity of this book in the context of academic works carried out in the intersection between philosophy and sound studies.