A presente tese investiga a programação de obras em orquestras como elemento importante da prática orquestral do século XXI, identificando, na escolha de obras, leituras políticas, históricas e geográficas da música. Para tanto, esta pesquisa estuda a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), seu processo de reestruturação nos anos 1990 e seus programas de concerto entre os anos 2000 e 2009, procurando estabelecer como se dá a relação entre essa música e o contexto social, político e geográfico em que ela se insere. A tese é dividida em duas partes: na primeira, propõe-se uma discussão semiótica sobre os elementos que fundamentam uma programação, com destaque para o conceito de cânone e as problemáticas de sua aplicação no contexto brasileiro. A segunda parte compreende uma análise sobre o processo de reestruturação da OSESP em relação à sua programação subsequente. Para isso, são tanto utilizados conceitos introduzidos na primeira parte, tal qual a noção de orquestralidade, quanto resultados de uma pesquisa quantitativa inédita acerca da época das composições e nacionalidade dos compositores programados no período estudado.

This thesis investigates concert programming in orchestras as an important element of orchestral craft in the 21st century, identifying political, historical and geographical interpretations which underlie the choosing of musical pieces. To this end, this work researches the São Paulo State Symphony Orchestra (OSESP), the restructuring process of the institution in the 1990s and its concert programmes between the years 2000 and 2009, seeking to determine how this orchestral music is connected to the social, political and geographical context in which it appears. The thesis is divided in two parts: foremost, a semiotical discussion is advanced concerning the foundational elements of programming, with emphasis on the concept of canon and the problematics of its application in the Brazilian context. The second part presents an analysis of the OSESP restructuring process in connection to its subsequent programming. To that end, concepts introduced in the first part are employed, such as the idea of orchestrality, as well as the results of an unprecedented quantitative research about the period of composition of the pieces and the nationality of the composers featured within concert programmes during the aforementioned time period.