A tese investiga a prática da encenação nos espaços abertos das cidades numa aproximação do conceito de paisagem. A paisagem, tradicionalmente associada à dimensão do espaço abarcada por um ponto de vista, tem mobilizado especial interesse na contemporaneidade, especialmente por possibilitar um modo de pensar a complexidade e multidimensionalidade dos fenômenos sociais do nosso tempo. A prática da encenação contemporânea interessada em estabelecer vínculos com o mundo a céu aberto se configuraria como criação de paisagem? O encenador que opera procedimentos composicionais com os espaços abertos seria um criador de paisagens e um mediador do encontro sensível entre espectador e espaço? Visando responder a tais questões, realizou-se um estudo conceitual da noção de paisagem procurando aproximá-lo de algumas encenações brasileiras como Dias felizes (1992), BR-3 (2006), Entrepartidas (2010), entre outras, com o objetivo de identificar as operações construtivas presentes nessas práticas. Neste percurso, examina o conceito de viagem como importante agenciador presente na prática desses encenadores. Por fim, à luz das discussões teóricas e das experiências teatrais aqui tratadas, desenvolve o conceito de encenação-paisagem e seus agenciamentos como a prática de um encenador-geógrafo.

This thesis investigates the practice of staging outdoors, in open-air spaces of cities, aiming to approach to the concept of landscape. A landscape, traditionally associated with the dimension of space encompassed by a point of view, has mobilized special interest in contemporaneity, especially because it enables a way of thinking about the complexity and the multidimensionality of the social phenomena of our time. Would the practice of contemporary staging be interested in establishing links with the open-air world so as to be configured as a landscape creation? Would the director who operates compositional procedures in open-air spaces be a landscape creator and a mediator of the sensitive encounter between the spectator and the space? In order to answer these questions, this work conducts a conceptual study of the notion of landscape and seeks to bring it closer to some Brazilian pieces such as Dias Felizes (1992), BR-3 (2006), Entrepartidas (2010), among others, with the objective of identifying the constructive operations present in such practices. Along this path, he examines the concept of travelling as an important agent present in the practice of these directors. Finally, in the light of the theoretical discussions and theatrical experiences discussed here, he develops the concept of staging-landscape and its assemblages as the practice of a director-geographer.