Esta dissertação pretende discutir as metamorfoses das bruxas na peça Macbeth e como estas tecem sonoramente a sua lenda, compondo uma dramaturgia sonora. O texto costura rastros históricos e mitológicos encontrados na paisagem sonora, nas imagens dos corpos e na fala poética das bruxas, sonhos e relatos pessoais de trabalho. A questão evoca a relação entre voz e corpo, som e imagem e como estes elementos se relacionam através da imaginação. Enquanto símbolo da criatividade e arquétipo feminino marginal, a bruxa e suas metamorfoses vocais e corporais aproximam-se dos processos experimentais onde composições vocais são tecidas entrelaçando vogais, consoantes, sons fisiológicos, melodias, ritmos, timbres e ruídos através do movimento corporal. É símbolo de transformação sonora e física, à margem e no centro da estética do belo, onde "o belo é feio e o feio é belo." Os sons que criam sentido no mundo, evaporam-se no ar, mas permanecem nos pensamentos e nas vozes do outro. No arcabouço teórico principal que costura o texto estão as vozes feministas de Sílvia Federicci a respeito da relação entre a figura da bruxa e o apagamento feminino da história, Adriana Cavarero e sua filosofia da expressão vocal, Pauline Oliveros e sua proposta de escuta profunda como caminho de composição e outros pesquisadores das áreas da mitologia, da dança e da voz.

This dissertation intends to discuss the poetic metamorphoses of the witches in the play Macbeth and how they sonically weave their legend, composing a dramaturgy of sound. The text sews historical and mythological traces found in the soundscape, in the images ofthe bodies, of the witches' poetic speech, dreams and personal work reports. The question evokes the relationship between voice and body, sound and image and how these elements are related through imagination. As a symbol of creativity and marginal feminine archetype, the witch and her vocal and bodily metamorphoses approach experimental processes where vocal compositions are woven by interweaving vowels, consonants, physiological sounds, melodies, rhythms, timbres and noises through body movement. lt is a symbol of sound and physical transformation, outside the aesthetics of the beautiful, where "the beautiful is ugly and the ugly is beautiful." The sound that creates meaning in the world, evaporates in the air, but remains in the thoughts and voices of the other. ln the main theoretical framework that stitches the text are the feminist voices of Sílvia Federicci regarding the relationship between the figure of the witch and the female erasure of history, Adriana Cavarero and her philosophy of vocal expression, Pauline Oliveros and her proposal of deep listening as a path composers and other researchers in the fields of mythology, dance and voice.