Partindo de um esclarecimento conceitual, que delimita os recortes axiológicos e epistemológicos empregados, a tese apresenta uma reflexão panorâmica acerca do tema das políticas públicas no Brasil e no Estado de SP, propondo rever a compreensão amplamente difundida na literatura de que as políticas públicas de cultura no país teriam se iniciado a partir dos anos 1930. Essa nova mirada histórica, apresentada como pré-requisito para a revisão de problemas estruturantes na concepção das políticas culturais brasileiras, compõe também a contextualização do cenário que permitirá o desenvolvimento do modelo OS. O experimento de implantação e consolidação do modelo de gestão em parceria com organizações sociais de cultura implementado no estado de São Paulo é então examinado: como a Secretaria da Cultura funcionava e de que maneira foi reorganizada? Quais pressupostos embasaram as medidas adotadas e como se lidou com os legados existentes e as novas expectativas? Aprofundando essa análise, o estudo aborda em maior detalhe a reestruturação da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico (UPPM) da pasta da Cultura, à guisa de delinear referenciais úteis à problematização da organização da gestão pública de museus e examinar se é possível extrapolar as lições aprendidas a outras realidades. Ao final, são retomadas as questões propostas, à luz da investigação efetuada, procurando responder se o cotejamento entre os objetivos e a prática vivenciada permite dizer que o experimento OS é bem-sucedido como política cultural em São Paulo e em que medida esse histórico recente rompe com a tradição de continuada desvalorização das políticas públicas de cultura no estado. O texto busca problematizar avanços e limitações dessa experiência e sinalizar algumas possíveis correções, cuidados e novas formulações que possam contribuir de maneira propositiva para o debate e o aprimoramento da gestão e das políticas públicas de cultura no Brasil.

Starting from a conceptual clarification, which delimits the axiological and epistemological clippings used, the thesis presents a panoramic reflection on the theme in Brazil and in SP, proposing to review the widely spread understanding in the literature that the public policies of culture in the country would have started from the 1930s onwards. This new historical perspective, presented as a prerequisite for reviewing structuring problems in the conception of Brazilian cultural policies, also composes the contextualization of the scenario that will allow the development of the OS model. The experiment of implementation and consolidation of the management model in partnership with social organizations of culture implemented in the state of São Paulo is then examined: how did the Secretariat of Culture work and how was it reorganized? What assumptions supported the adopted measures and how were existing legacies and new expectations dealt with? Deepening this analysis, the study addresses in greater detail the restructuring of the Museological Heritage Preservation Unit (UPPM) of the Culture portfolio, in order to outline useful references for problematizing the organization of public management of museums and examine whether it is possible to extrapolate the lessons learned to other realities. In the end, the proposed questions are resumed, in the light of the investigation carried out, trying to answer whether the comparison between the objectives and the lived practice allows to say that the OS experiment is successful as a cultural policy in São Paulo and to what extent this recent history breaks with the tradition of continued devaluation of public cultural policies in the state. The text seeks to problematize the advances and limitations of this experience and point out some possible corrections, precautions and new formulations that may contribute in a proactive way to the debate and improvement of management and public cultural policies in Brazil.