O isolamento social foi a medida de contingência emergencial encontrada para enfrentar o surgimento e a rápida disseminação do corona vírus. O isolamento resultou em corte de diversas atividades e mudanças na rotina da população. Além disso, o vírus impactou na economia mundial, causando aumento nas taxas de desemprego e consequentemente de pobreza. Com aumento da pobreza, descontinuidade da ida das crianças às escolas, descontinuidade do acompanhamento nos programas de saúde bucal, maior tempo em casa e consequentemente maior acessibilidade para alimentos com potencial cariogênico, levantou-se a hipótese de possíveis alterações na saúde bucal de crianças durante esse período. Desse modo, o objetivo do presente estudo foi comparar os índices de saúde bucal (cárie, sangramento gengival e placa dentária visível), nível socioeconômico, hábitos de dieta e higiene nos momentos pré e pós, período crítico de pandemia. A metodologia foi baseada em exames clínicos realizados em escolares da cidade de Bauru- SP, por meio do ICDAS, índice de placa visível e índice de sangramento gengival, realizados em 680 crianças em um estudo prévio ao período de isolamento. Dessas crianças, 481 foram reavaliadas clinicamente, utilizando os mesmos índices previamente adotados. Além disso, questionários foram aplicados aos responsáveis de forma recordatória, para análise do impacto socioeconômico, dos hábitos alimentares e de escovação das crianças nesse período. Após a coleta dos dados, foi realizada a comparação dos índices de cárie, sangramento gengival, placa dentária visível, nível socioeconômico, hábitos de dieta e higiene nos momentos pré e pós pandemia por meio do teste de Wilcoxon. Os resultados mostraram aumento significativo para o VPI, CPO-S, consumo de alimentos cariogênicos e escovação realizada pelas crianças no período pós pandemia em relação ao pré pandemia. No entanto, não houve diferença estatística significativa nos hábitos de escovação realizada pelos pais e nas características socioeconômicas. Com base nos resultados, pode-se concluir que o isolamento apresentou um impacto negativo no índice de cárie das crianças avaliadas.

Social isolation was the emergency contingency measure found to cope with the emergence and rapid spread of the coronavirus. The isolation resulted in the end of several activities and changes in the routine of the population. In addition, the virus had an impact on the world economy, causing an increase in unemployment rates and consequently poverty. With increased poverty, discontinuation of children going to school, discontinuation of monitoring in oral health programs, more time at home, and consequently greater accessibility to foods with cariogenic potential, it was hypothesized a worsening in oral health of children during this period. Thus, the objective of this study was to compare oral health indices (caries, gingival bleeding, and visible dental plaque), socioeconomic status, dietary habits, and hygiene habits in the pre- and post-critical Covid-19 pandemic period. The methodology was based on clinical exams performed in 680 schoolchildren from the city of Bauru- SP, using the ICDAS, visible plaque index and gingival bleeding index, performed in a study before the isolation period. From this initial sample, 481 children were clinically reassessed using the same indices previously mentioned. In addition, questionnaires were applied to the guardians in a recall form to analyze the socioeconomic impact, eating and brushing habits of the children during this period. After data collection, the Wilcoxon test was used to compare the rates of caries, gingival bleeding, visible dental plaque, socioeconomic status, dietary habits, and hygiene habits before and after the pandemic. The results showed a significant increase in VPI, DMFS, consumption of cariogenic foods and brushing performed by children in the post-pandemic period compared to the pre-pandemic period. However, there was no statistically significant difference in toothbrushing habits performed by parents and in socioeconomic characteristics. Based on the results, it can be concluded that isolation had a negative impact on the caries index of the evaluated children.