O conhecimento das habilidades da criança usuária de implante coclear com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista de maneira abrangente poderá favorecer uma melhor precisão da avaliação clínica quanto ao desenvolvimento da linguagem oral. E ainda, poderá identificar aspectos clínicos na criança que necessitam de intervenção específica, e, consequentemente, direcionar o trabalho terapêutico de acordo com as necessidades da criança e da família. Diante do exposto, este estudo propõe caracterizar o desenvolvimento global e as habilidades funcionais de crianças usuárias de implante coclear com o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista e comparar às crianças usuárias de implante coclear sem outras deficiências associadas, por meio de instrumentos padronizados, buscando somar aos estudos já existentes na área. Trata-se de um estudo prospectivo transversal realizado na Seção de Implante Coclear do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo em parceria com o Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo. Os seguintes instrumentos foram utilizados: Teste de Linguagem Infantil nas áreas de Fonologia, Vocabulário, Fluência e Pragmática ABFW, Test de Vocabulário de Imágenes Peabody: adaptación hispano-americana, Inventario do Desenvolvimento de Habilidades Comunicativas MacArthur, Observação do Comportamento Comunicativo, Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade, Denver Development Screening Test II e Childhood Autism Rating Scale. Este estudo permite concluir que o desempenho das crianças usuárias de implante coclear com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista quanto à linguagem oral receptiva e expressiva, às habilidades comunicativas, o comportamento comunicativo, o desenvolvimento global e às habilidades funcionais encontraram-se abaixo do esperado quando considerados os parâmetros disponíveis nos instrumentos utilizados, mas permitem observar discreta evolução. Os resultados obtidos pelo grupo de crianças com implante e Transtorno do Espectro Autista foram, em sua maioria, significantemente piores quando comparados aos resultados das crianças usuárias de implante sem outras deficiências associadas.

The detailed knowledge of cochlear implants users abilities diagnosed with Autistic Spectrum Disorder in a comprehensive way may improve the accuracy of clinical assessment regarding the development of oral language. Moreover, it will be able to identify clinical aspects in the child that need specific intervention, and, consequently, direct the therapeutic work according to the needs of the child and the family. Given the above, this study proposes to chacacterize the overall development and functional abilities of children using cochlear implant with the diagnosis of Autistic Spectrum Disorder and compare to children using cochlear implant without other associated disabilities, using standardized instruments, seeking to add to the existing studies in the area. This is a prospective cross-sectional study conducted at the Cochlear Implant Section of the Craniofacial Anomaly Rehabilitation Hospital of the University of São Paulo in partnership with the Department of Speech Pathology of Bauru School of Dentistry from University of São Paulo. The following instruments were used: Child Language Testing in the areas of Phonology, Vocabulary, Fluency and Pragmatics - ABFW, Peabody Image Vocabulary Test: Spanish-American adaptation, MacArthur Communicative Skills Development Inventory, Communicative Behavior Observation, Pediatric Disability Assessment Inventory, Denver Development Screening Test II and Childhood Autism Rating Scale. This study concludes that the performance of children with cochlear implants diagnosed with Autistic Spectrum Disorder regarding receptive and expressive oral language, communicative abilities, communicative behavior, global development and functional abilities were below expectations when considering the parameters available in the instruments used, but allow observing a slight evolution. The results obtained by the group of children with cochlear implants and Autistic Spectrum Disorder were, for the most part, significantly worse when compared to the results of implant-using children with no other associated disabilities.