Introdução: Vivenciar o zumbido implica em ter uma percepção auditiva involuntária decorrente de atividade neural anormal do sistema auditivo e é considerado um problema de saúde pública. Contudo, a avaliação e a intervenção do zumbido ainda representam um dilema para profissionais da saúde. Pesquisas científicas sugerem o uso do treinamento auditivo (TA) associa condições e/ou tarefas para estimular regiões do sistema auditivo ou provocar modificações positivas no sistema nervoso central. Além disso, tem surgido um interesse crescente no desenvolvimento de aplicativos para smartphones com o objetivo de auxiliar no manejo e tratamento do zumbido. Porém, é escassa a avaliação objetiva da qualidade desses aplicativos para smartphones relacionados ao zumbido. Objetivo: Desenvolver e avaliar um aplicativo para identificação e intervenção do zumbido. Método: Estudo desenvolvido no Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru Universidade de São Paulo, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisas (CEP) da universidade e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), sob o parecer nº 5.201.778 e anuência dos pacientes mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O processo de desenvolvimento do aplicativo Zumit seguiu o método Design Instrucional Contextualizado. Foram selecionados indivíduos com queixa de zumbido e audição normal. Em seguida, foi realizada Avaliação Inicial (avaliação audiológica: audiometria convencional, Audiometria de Altas Frequências (AAF), imitânciometria, acufenometria, aplicação do questionário Tinnitus Handicap Inventory (THI) e da Escala Analógica Visual (EAV)), Intervenção (uso do aplicativo Zumit para TA) e Avaliação Final (aplicação dos questionários THI e EAV), para mensurar o impacto do zumbido, além do teste System Usability Questionnaire (SUS) e a escala Net Promoter Score (NPS) para avaliar a usabilidade. Após a coleta dos dados, foi realizada a análise inferencial. Resultados: Foi desenvolvido o aplicativo Zumit para identificação e intervenção do zumbido, disponível para os sistemas iOS e Android, em duas versões: profissional e paciente. A avaliação de usabilidade apresentou a média de 77,06 no escore SUS e 50% na escala NPS, sendo considerados valores satisfatórios. Os valores antes e após intervenção com o Zumit mostraram diferença estatisticamente significantes tanto no questionário THI quanto na EAV (P=<0,001). Conclusão: Os achados sugerem que o aplicativo Zumit com o TA por discriminação de frequências pode ser uma ferramenta aliada no manejo do zumbido. Entretanto, ressalta-se a importância de outros estudos envolvendo a sua utilização e avaliação abrangendo indivíduos com o sintoma associado a diferentes condições audiológicas.

Introduction: Experiencing tinnitus implies having an involuntary auditory perception resulting from abnormal neural activity in the auditory system. This condition is already considered a public health problem. However, tinnitus assessment and intervention still represent a dilemma for healthcare professionals. Scientific research suggests the use of auditory training, combining conditions and/or tasks to stimulate regions of the auditory system or cause positive changes in the central nervous system. Furthermore, there has been a growing interest in the development of applications for smartphones with the aim of assisting in the management and treatment of tinnitus. However, there is little objective assessment of the quality of these smartphone applications related to tinnitus. Objective: Develop and evaluate an application for tinnitus identification and intervention. Method: Study developed at the Department of Speech Therapy of the Faculty of Dentistry of Bauru University of São Paulo, after approval by the Research Ethics Committee of the university and the National Research Ethics Commission, under opinion nº 5.201 .778 and patients' consent by signing the Informed Consent Form. The Zumit application development process followed the Contextualized Instructional Design method. Individuals with complaints of tinnitus and normal hearing were selected. Initial Assessment carried out (audiological assessment: conventional audiometry, High Frequency Audiometry, immittance measurement, acuphenometry, application of the Tinnitus Handicap Inventory (THI) questionnaire and the Visual Analogue Scale (VAS)), Intervention (use of the Zumit) and Final Assessment (application of the THI and EAV questionnaires, to measure the impact of tinnitus, the System Usability Questionnaire (SUS) test and the Net Promoter Score (NPS) scale, to evaluate usability. Inferential analysis of the collected data was carried out. Results: The Zumit application was developed for tinnitus identification and intervention, available for iOS and Android systems, in two versions: professional and patient. The usability evaluation presented an average of 77.06 on the SUS score and 50% on the NPS scale, being considered satisfactory values. The values before and after intervention with Zumit showed a statistically significant difference in both the THI questionnaire and the VAS (P=<0.001). Conclusion: The findings suggest that the Zumit application with AT for frequency discrimination can be an allied tool in the management of tinnitus. However, the importance of other studies involving its use and evaluation covering individuals with the symptom associated with different audiological conditions is highlighted.