A estimativa de sexo é um problema constante no campo da antropologia forense em relação à identificação humana. A utilização de ossadas para identificação humana se faz importante durante o processo de utilização da antropologia forense com a finalidade de identificação. Em alguns casos, apenas o crânio é encontrado, sendo o mesmo utilizado para realização do dimorfismo sexual. No Brasil, a falta de estudos de métodos de estimativa sexual utilizando crânios é significativa. Esse trabalho teve como objetivo realizar o dimorfismo sexual em crânios humanos, fazendo uso da antropologia física e análise tomográfica. Foi realizada uma análise morfológica, aplicando o método de Buikstra e Ubelaker 1994, posteriormente validada por Walker 2008. A amostra contou com 111 crânios de invidívuos adultos, sendo 60 crânios pertencentes a indivíduos do sexo masculino e 51 pertencentes a indivíduos do sexo feminino. Os crânios pertencem ao acervo do Museu de Anatomia Humana da Universidade de São Paulo. Foram realizadas as tomografias de todos os crânios da amostra. A amostra foi analisada três vezes. Inicialmente foi realizada a análise física dos crânios secos, em seguida a análise tomográfica utilizando o programa Invesalius® e posteriormente foi realizada a análise tomográfica utilizando o programa Philips®. O método consiste na análise de cinco estruturas cranianas: a crista occipital externa, o processo mastóide, a margem supraorbital, a glabela e a eminência mentual. Cada estrutura foi classificada com um escore, podendo variar de 1 a 5, de acordo com o diagrama proposto por Buikstra e Ubelaker 1994. Após realização da classificação, os resultados foram tabulados e classificados por dois métodos diferentes. No primeiro método, seguiuse os passos descritos por Buikstra e Ubelaker 1994 para classificação das estruturas. No segundo método, foi utilizada a mesma técnica, porém com as modificações sugeridas por Walker 2008. A análise física obteve um percentual de acerto ligeiramente maior do que as análises tomográficas, sendo de (70,4%) quando empregado o método proposto por Walker (2008) e (67,4%) quando empregado o método de Buikstra e Ubelaker (1994). Já na análise tomográfica, quando utilizado o programa Invesalius® o percentual de acerto foi de (68,1%) quando empregado o método proposto por Walker (2008) e (60,2%) quando empregado o método de Buikstra e Ubelaker (1994). Quando realizada a análise tomográfica utilizando o programa Philips® o percentual de acerto foi de (69,6%) quando empregado o método proposto por Walker (2008) e (62,5%) quando empregado o método de Buikstra e Ubelaker (1994). O percentual de precisão na estimativa de sexo foi superior no sexo feminino em todas análises realizadas. No geral o índice de precisão variou de 60,2% a 70,4%. Quando analisada a precisão na estimativa de sexo separadamente entre os sexos, indivíduos do sexo masculino atingiram precisão máxima de 68,33% enquanto o sexo feminino obteve um índice de até 88,24% de acerto. A glabela e o processo mastóide foram as melhores estruturas para realizar a estimativa sexual na amostra analisada. Já a eminência mentual foi a estrutura que obteve menor poder dimórfico. Os resultados dessa pesquisa apontam que a estimativa de sexo pode ser realizada a partir de imagens 3D obtidas por tomografia computadorizada. A imagem digital não demonstrou diferença significativa quando comparada ao resultado da análise física dos crânios secos. Os resultados obtidos na presente amostra deixa clara a necessidade de aplicação de mais de uma técnica em conjunto com a análise morfológica realizada para estimar com maior precisão o sexo de um indivíduo.

The estimation of sex is a constant problem in the field of forensic anthropology in relation to human identification. The use of bones for human identification is important during the process of using forensic anthropology for identification purposes. In some cases, only the skull is found, being the same used to perform sexual dimorphism. In Brazil, the lack of studies of sexual estimation methods using skulls is significant. This work aimed to perform sexual dimorphism in human skulls, making use of physical anthropology and tomographic analysis. A morphological analysis was performed using the method of Buikstra and Ubelaker 1994, later validated by Walker 2008. The sample consisted of 111 skulls from adult individuals, 60 skulls belonging to males and 51 belonging to females. The skulls belong to the collection of the Museum of Human Anatomy of the University of São Paulo. CT scans of all skulls of the sample were performed. The sample was analyzed three times. Initially, the physical analysis of the dry skulls was performed, followed by the tomographic analysis using the Invesalius® software and later the tomographic analysis using the Philips® software. The method consists of the analysis of five cranial structures: the external occipital crest, the mastoid process, the supraorbital margin, the glabella and the mental eminence. Each structure was classified with a score, ranging from 1 to 5, according to the diagram proposed by Buikstra and Ubelaker 1994. After classification, the results were tabulated and classified by two different methods. In the first method, the steps described by Buikstra and Ubelaker 1994 for classification of the structures were followed. In the second method, the same technique was used, but with the modifications suggested by Walker 2008. The physical analysis obtained a slightly higher percentage of accuracy than the tomographic analysis, being (70.4%) when employed the method proposed by Walker. (2008) and (67.4%) when using the method of Buikstra and Ubelaker (1994). In tomographic analysis, when using the Invesalius® program, the percentage of accuracy was (68.1%) when using the method proposed by Walker (2008) and (60.2%) when using the method of Buikstra and Ubelaker (1994). ). When the tomographic analysis was performed using the Philips® software, the percentage of accuracy was (69.6%) when using the method proposed by Walker (2008) and (62.5%) when using the method of Buikstra and Ubelaker (1994). The percentage of accuracy in sex estimation was higher in females in all analyzes performed. Overall the accuracy index ranged from 60.2% to 70.4%. When analyzing the accuracy of sex estimation separately between males and females, males achieved a maximum accuracy of 68.33% while females achieved an accuracy rate of up to 88.24%. The glabella and the mastoid process were the best structures to perform the sexual estimate in the analyzed sample. Already mental eminence was the structure that obtained the lowest dimorphic power. The results of this research indicate that sex can be estimated from 3D images obtained by computed tomography. The digital image showed no significant difference when compared to the result of the physical analysis of the dry skulls. The results obtained in this sample make clear the need to apply more than one technique in conjunction with the morphological analysis performed to estimate more accurately the sex of an individual.