A sepse é definida como uma reação inflamatória sistêmica que ocorre em decorrência da produção excessiva de mediadores inflamatórios em resposta a um patógeno ou às suas toxinas. A inflamação excessiva pode comprometer a função de diferentes sistemas orgânicos, levando à necessidade de internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). O avanço no conhecimento sobre sepse resultou em menor mortalidade, todavia, a resolução dos sintomas não é sinônimo de término da doença e a maior sobrevida pode ser acompanhada por um aumento da prevalência de alterações físicas, psíquicas e cognitivas em decorrência do período de internação prolongado, exposição a medicamentos, necessidade de ventilação mecânica e imobilização prolongada. Conhecer esses comprometimentos é vital para o planejamento da assistência a essas pessoas após a alta hospitalar. Diante deste contexto, propôs-se uma revisão sistemática de prevalência com o objetivo de sintetizar as evidências sobre as alterações físicas, psicológicas e cognitivas apresentadas pelos pacientes que tiveram alta da UTI após um episódio de sepse. A estratégia de busca foi elaborada de acordo com a estratégia CoCoPo e foram utilizados descritores controlados e sinônimos, para responder à pergunta: "Quais as alterações físicas, cognitivas e psíquicas apresentadas pelos pacientes que receberam alta hospitalar da UTI após um episódio de sepse?". As buscas ocorreram nas seguintes bases de dados: The Cochrane Library, Cinahl, Embase, Lilacs, PubMed, Scopus e Web of Science. Todas as etapas foram realizadas por dois revisores e um terceiro ficou responsável por resolver as divergências. Foram identificados 5799 documentos, sendo que 1975 eram duplicatas, assim, 3824 documentos foram analisados por meio da leitura do título e do resumo. Destes, 22 foram pré-selecionados para a leitura na íntegra e após, três foram excluídos por abordar temática não congruente com a questão de pesquisa e um por avaliar indivíduos com idade inferior a 18 anos. Foram selecionados 18 estudos que atenderam os critérios de elegibilidade, os quais foram sintetizados e apresentados na análise qualitativa. Para avaliação do risco de viés foi utilizada a ferramenta Axis. Em relação às alterações físicas, foi observado prejuízo no desempenho físico global, o que resultou em declínio do estado funcional. Nas alterações psíquicas foi observada maior frequência de depressão, ansiedade e estresse pós-traumático. Por fim, foram observados déficits cognitivos de longo prazo e em relação à atenção, fluência verbal, função executiva e memória verbal. Destaca-se que vários estudos observaram sobreposição de alterações físicas, psíquicas e cognitivas nos sobreviventes. Os resultados desta revisão mostraram que os sobreviventes à sepse podem apresentar graus variados de comprometimento nas três esferas analisadas, o que pode comprometer a capacidade desses indivíduos viverem de forma independente e com qualidade.

Sepsis is defined as a systemic inflammatory reaction that occurs due to the excessive production of inflammatory mediators in response to a pathogen or its toxins. Excessive inflammation can compromise the function of different organ systems, leading to the need for hospitalization in Intensive Care Units (ICU). Advances in knowledge about sepsis have resulted in lower mortality, however, resolution of symptoms is not synonymous with the end of the disease, and increased survival may be accompanied by a rise in the prevalence of physical, psychological, and cognitive impairments due to prolonged hospitalization, exposure to medication, the need for mechanical ventilation, and prolonged immobilization. Knowing these impairments is vital for planning assistance for these people after hospital discharge. In this context, a systematic review of prevalence was proposed with the aim of synthesizing the evidence on the physical, psychological, and cognitive changes presented by patients who were discharged from the ICU after an episode of sepsis. The search strategy was designed in accordance with the CoCoPo strategy and controlled descriptors and synonyms were used to answer the question: "What are the physical, cognitive, and psychological changes presented by patients who were discharged from the ICU after an episode of sepsis?". Searches were carried out in the following databases: The Cochrane Library, Cinahl, Embase, Lilacs, PubMed, Scopus, and Web of Science. All steps were performed by two reviewers and a third was responsible for resolving disagreements. A total of 5799 documents were identified, of which 1975 were duplicates, so 3824 documents were analyzed by reading the title and abstract. Of these, 22 were pre-selected for full reading and later, three were excluded for addressing a theme not congruent with the research question and one for evaluating individuals under 18 years old. Eighteen studies that met the eligibility criteria were selected, which were synthesized and presented in the qualitative analysis. The Axis tool was used to assess the risk of bias. Regarding physical changes, impairment in overall physical performance was observed, which resulted in a decline in functional status. For psychological changes, a higher frequency of depression, anxiety, and post-traumatic stress was observed. Finally, long-term cognitive deficits were noted in attention, verbal fluency, executive function, and verbal memory. It is noteworthy that several studies observed an overlap of physical, psychological, and cognitive changes in survivors. The results of this review showed that sepsis survivors may present varying degrees of impairment in the three spheres analyzed, which can compromise their ability to live independently and with quality.