Trata-se de um estudo retrospectivo, observacional realizado em duas fases de investigação, do tipo descritivo e caso-controle respectivamente. O presente estudo teve como objetivo descrever o perfil das pessoas vivendo com HIV/aids (PVHIV) em uso de Terapia Antirretroviral (TARV) e analisar os fatores de risco associados à Doença Renal Crônica (DRC). A coleta de dados foi realizada em um dos cinco Serviços de Atendimento Especializado de um município do interior paulista, através de um formulário construído e validado para este estudo, no período de fevereiro a junho de 2018. Foram incluídos: PVHIV em acompanhamento ambulatorial, de ambos os sexos, maior ou igual a 18 anos; em uso de TARV há mais de 6 meses; ter prontuário e mais de um resultado de exame de creatinina disponíveis; excluídos: indivíduos com diagnóstico de Doença Renal Aguda ou Crônica antes do diagnóstico de HIV positivo; estar em hemodiálise antes de iniciar a TARV e ter abandonado o uso de antirretrovirais. A amostragem foi aleatória e o critério de seleção por conveniência. O tamanho amostral foi de 258 prontuários, dos quais foram designados casos (n=17) às PVHIV que tiveram no mínimo duas medidas de estimativa de Taxa de Filtração Glomerular (eTFG) com intervalo de 3 meses ou mais de eTFG<60 mL/min/1,73m2 estimada pela Equação do grupo Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI) e controles (n=68); respeitando a razão de pareamento de 1:4. Todas as variáveis foram abordadas e analisadas como variáveis de exposição. A análise dos dados ocorreu por meio de estatística descritiva, teste de correlação e teste de associação adotando um nível de significância de p<0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob protocolo nº 134154/2017. Identificou-se entre as PVHIV uma alta prevalência de homens, brancos, maiores de 40 anos, baixa escolaridade e tabagistas. Quanto a história pessoal, 7% eram diabéticos, 21,3%, hipertensos, 6,2% tinham doença cardiovascular, 79,5%, dislipidêmicos, 7,4% apresentaram litíase renal e 7%, ITU de repetição. Foram registrados uma média de tempo de diagnóstico de HIV de 10,4 anos (DP=7,2) e de uso de antirretrovirais de 8,6 anos (DP=6,1). Entre os ARV nefrotóxicos em uso anterior e atual, houve aumento do uso de Tenofovir, Atazanavir e Ritonavir e redução de Indinavir e Lopinavir. Entre os casos e controle, verificou-se que idade, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e antirretrovirais nefrotóxicos em esquema terapêutico anterior, foram as variáveis que tiveram associação estatisticamente significante na população estudada, sendo a idade menor que 40 anos um fator protetor (OR=0,122, p=0,022) e fator de risco, quem teve HAS (OR=5,8, p=0,001) e uso pregresso de ARV nefrotóxicos (OR=3,3, p=0,028). Conclui-se que diante da alta prevalência de DRC em PVHIV (6,5%), seria crucial o conhecimento dos fatores de risco para a identificação dos pacientes, com vistas a implementação de intervenções para a prevenção, detecção e manejo adequado da DRC através de uma frequente monitorização da função renal.

This is a retrospective, observational study conducted in two phases of investigation, of the descriptive and case-control type, respectively. The objective of this study was to describe the profile of people living with HIV / AIDS (PLHIV) using Antiretroviral Therapy (ART) and to analyze the risk factors associated with Chronic Kidney Disease (CKD). Data collection was performed in one of the five Specialized Care Services of a city in the interior of São Paulo, using a form constructed and validated for this study, from February to June 2018. The following were included: PLHIV in outpatient follow-up, both sexes, greater than or equal to 18 years; in ART for more than 6 months; have medical records and more than one creatinine test result available; excluded: individuals diagnosed with Acute or Chronic Kidney Disease prior to HIV positive diagnosis; be on hemodialysis before starting ART and have abandoned the use of antiretrovirals. The sampling was random and the criterion of selection for convenience. The sample size was 258 records, of which cases were assigned (n = 17) to the PLHIV who had at least two measures of Glomerular Filtration Rate (eGFR) with an interval of 3 months or more eTFG <60 mL / min / 1.73m2 estimated by the Equation of the Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI) group and controls (n = 68); respecting the ratio of 1: 4 pairing. All variables were approached and analyzed as exposure variables. Data analysis was performed using descriptive statistics, correlation test and association test, adopting a significance level of p <0.05. The study was approved by the Research Ethics Committee (REC) under protocol nº 134154/2017. A high prevalence of men, whites, over 40s, low schooling and smokers was identified among the PLHIV. As for personal history, 7% were diabetic, 21.3%, hypertensive, 6.2% had cardiovascular disease, 79.5%, dyslipidemic, 7.4% presented renal lithiasis and 7%, repetitive UTI. An average HIV diagnosis time of 10.4 years (SD = 7.2) and antiretroviral use of 8.6 years (SD = 6.1) werefinded. Among nephrotoxic ARVs in previous and current use, there was an increase in the use of Tenofovir, Atazanavir and Ritonavir and reduction of Indinavir and Lopinavir. Among the cases and control, age, systemic arterial hypertension (SAH), and nephrotoxic antiretroviral drugs in a previous therapeutic regimen were found to be statistically significant in the studied population, and the age under 40 years was a protective factor (OR (OR = 5.8, p =0.001) and prior use of nephrotoxic ARVs (OR = 3.3, p =0.028). It is concluded that in view of the high prevalence of CKD in PLHIV (6.5%), it would be crucial to know the risk factors for the identification of patients in order to implement interventions for the prevention, detection and proper management of CKD through frequent monitoring of renal function.