Esse estudo teve como objetivo avaliar se há associação entre o uso de maconha e o envolvimento em gangues por adolescentes em internação socioeducativa. Trata-se de um estudo misto, do tipo explanatório sequencial, realizado com 177 adolescentes em cinco unidades de internação socioeducativa no município de Belo Horizonte-MG. Para coleta dos dados, na primeira etapa, foi realizada a tradução e validação dos instrumentos Adolescent Cannabis Problems Questionnaire (CPQ-A) e do Youth Questionnaire do Eurogang Program. Além dos questionários: ficha de informações sociodemográficas, Escala de Severidade da Dependência (SDS) e Escala Fagerström Test for Nicotine Dependence (FTND). Os dados qualitativos foram coletados por meio de sete grupos focais, interpretados e analisados conjuntamente com os dados quantitativos. A amostra foi composta por 160 (90,4%) adolescentes do sexo masculino, 84 (47,5%) com média de idade de 17 anos, 156 (88,1%) Raça negra, 89 (50,3%) não tinham religião, 109 (61,6%) dependiam de auxílio financeiro de programas governamentais e 133 (75,1%) mencionaram que o dinheiro do crime complementa a renda familiar. Entre os adolescentes 103 (58,2%) apresentaram dependência moderada/grave de maconha e 170 (96%) pertenciam a uma gangue. Os adolescentes classificados com dependência moderada/grave eram do sexo masculino, não dependiam de renda proveniente de programas governamentais, não estavam preocupados em perder contato com pai/responsável devido ao uso de maconha; apresentavam baixo desempenho escolar, principalmente, após uso de maconha; uso vaporizado de maconha e haviam cometido alguns delitos, como roubo de carro e arrombamento. Os adolescentes que pertenciam a uma gangue: possuíam renda proveniente do crime, faziam uso de substâncias junto com familiar; apresentavam baixo desempenho, evasão e expulsão escolares; usavam maconha fumada e vaporizada, tinham problemas com a polícia devido ao uso de maconha e cometeram delitos, como tráfico de drogas, não pagavam propositalmente por algo e portavam armas. Conclui-se que houve relação entre uso vaporizado de maconha e envolvimento em gangues, indicando a necessidade de ações de promoção e prevenção da saúde a respeito dessas duas temáticas e dos riscos associados a esses comportamentos.

This study aimed to assess whether there is an association between marijuana use and gang involvement by adolescents in socio-educational detention. This is a mixed study, of the sequential explanatory type, carried out with 177 adolescents in five socio-educational inpatient units in the city of Belo Horizonte-MG. For data collection, in the first stage, the Adolescent Cannabis Problems Questionnaire (CPQ-A) and the Youth Questionnaire of the Eurogang Program were translated and validated. In addition to the questionnaires: sociodemographic information sheet, Severity of Dependence Scale (SDS) and Fagerström Test for Nicotine Dependence Scale (FTND). Qualitative data were collected through seven focus groups, interpreted and analyzed together with quantitative data. The sample consisted of 160 (90.4%) male adolescents, 84 (47.5%) with a mean age of 17 years, 156 (88.1%) Black race, 89 (50.3%) no they had a religion, 109 (61.6%) depended on financial aid from government programs, and 133 (75.1%) mentioned that crime money complements their family income. Among adolescents, 103 (58.2%) had moderate/severe marijuana dependence and 170 (96%) belonged to a gang. Adolescents classified as moderate/severe dependence were male, did not depend on income from government programs, were not concerned about losing contact with a parent/guardian due to marijuana use; had low school performance, especially after using marijuana; vaporized marijuana use and had committed certain offenses such as car theft and burglary. Adolescents who belonged to a gang: had income from crime, used substances with a family member; had low performance, school dropout and expulsion; they used smoked and vaporized marijuana, had problems with the police due to the use of marijuana, and committed crimes such as drug trafficking, purposely did not pay for anything and carried guns. It is concluded that there was a relationship between vaporized marijuana use and involvement in gangs, indicating the need for health promotion and prevention actions regarding these two themes and the risks associated with these behaviors.