Introdução: As atitudes e o significado do comportamento suicida na perspectiva de profissionais da Atenção Primária à Saúde podem influenciar a qualidade da assistência e são assunto pouco explorado em estudos científicos. Objetivo: Investigar o significado e as atitudes relacionadas ao comportamento suicida na perspectiva dos profissionais de Estratégia Saúde da Família. Método: Estudo misto desenvolvido com 65 profissionais de equipes de Estratégia Saúde da Família de um município de Minas Gerais - Brasil. Na fase qualitativa foram empregados o Interacionismo Simbólico (como referencial teórico) e a Teoria Fundamentada nos Dados (como referencial metodológico). Nesta etapa, 18 profissionais participaram de entrevistas semi dirigidas que foram transcritas e analisadas pela codificação aberta, axial e seletiva. Os dados quantitativos foram coletados por auto-aplicação de um questionário sociodemográfico e do Questionário de Atitudes Frente ao Comportamento Suicida (QUACS). Foi utilizada estatística descritiva, teste de correlação de Pearson e Spearman, teste T e teste de Mann- Whitney.Resultados: Os profissionais perceberam-se despreparados, emocionalmente afetados e temerosos para atuar na prevenção do suicídio e priorizaram o encaminhamento dos casos para serviços especializados. O suicídio foi representado tanto como escolha quanto uma condição de vulnerabilidade, sendo mais condenável quanto associado à opção individual. Foram ainda identificadas crenças relacionadas à intencionalidade e manifestação do comportamento suicida que podem impactar a avaliação e cuidado a pessoas em risco.Pessoas com treinamento sobre suicídio tiveram maior percepção da própria capacidade profissional para lidar com pessoas com comportamento suicida. Os profissionais que leram material específico sobre suicídio tiveram tanto maior percepção da capacidade profissional quanto atitudes menos negativas. As atitudes menos condenatórias foram encontradas em pessoas sem religião, que leram sobre o suicídio e tiveram contato com colegas de profissão que tentaram suicídio. Conclusão: É importante realizar investigações e oferecer treinamento, reflexões,supervisão aos profissionais para promover melhores atitudes e preparo para a qualificação da assistência relacionada ao comportamento suicida.

Introduction: The attitudes and meanings of suicidal behavior from the perspective Primary Health professionals, can affect the quality of the service, and is a little explored subject in scientific studies. Objective: To Investigate the meanings and attitudes related to the behavior of the suicidal person from the perspective of the professionals of the Primary Health. Method: The Study was a mixed-developed, with a 65-professional team of the Primary Health in a city of the State of Minas Gerais, Brazil. In the qualitative phase, Symbolic Interactionism (as a theoretical framework) and Grounded Theory (as a methodological framework) were used. At this stage, 18 professionals participated in semi-directed interviews that were transcribed and analyzed by open, axial and selective coding. Quantitative data were collected by self-application of a sociodemographic questionnaire and the Questionnaire on Attitudes to Suicidal Behavior (QUACS). Descriptive statistics, Pearson and Spearman correlation test, T-test and Mann-Whitney test were used. Results: The professionals perceived themselves as unprepared, emotionally affected and fearful to act in the prevention of suicide and prioritized the referral of cases to specialized services. Suicide was represented as both a choice and a condition of vulnerability, being more reprehensible as associated with individual choice. Beliefs related to intentionality and manifestation of suicidal behaviors that may impact the assessment and care of people at risk were also identified. People with suicide training had a greater perception of their own professional capacity to deal with people with suicidal behavior. Professionals who read specific material about suicide had both greater perception of professional ability and less negative attitudes. The least condemnatory attitudes were found in people without religion, who read about suicide and had contact with professional colleagues who attempted suicide. Conclusion: It´s important to conduct investigations and provide training, reflections, supervision to professionals to promote better attitudes and preparation for the qualification of assistance related to suicidal behavior.