Dentre os vários poluentes que podem ser liberados no ambiente, encontram-se os poluentes orgânicos persistentes (POPs), como os pesticidas organoclorados (POCs), os bifenilos policlorados (PCBs) e os éteres difenílicos polibromados (PBDEs). Estes compostos são conhecidos por possuírem elevada lipossolubilidade, o que favorece seu acúmulo nos tecidos de diversos organismos; alta capacidade de biomagnificação, aumentando suas concentrações ao longo da cadeia alimentar; e capacidade de serem transportados a longas distâncias. As tartarugas marinhas são um dos animais que podem ser expostos a esses poluentes. A tartaruga-verde (Chelonia mydas) possui distribuição circunglobal, ocorrendo em águas tropicais e subtropicais, sendo a espécie mais costeira entre as tartarugas marinhas. É uma espécie classificada como vulnerável à extinção. O presente estudo avaliou a ocorrência de poluentes orgânicos persistentes (POPs) em 49 amostras de tecido hepático de juvenis de Chelonia mydas coletadas no litoral do Rio de Janeiro (RJ) e Espírito Santo (ES), correlacionando com a razão de isótopos estáveis de carbono (¹³C) e nitrogênio (¹⁵N), e fatores ecológicos. Nas duas regiões, os principais POPs encontrados foram o -HCH e os PCBs. As concentrações, em ng g^-1 de massa úmida, variaram entre <0,4 e 6,54 (RJ) e <0,4 e 7,68 (ES) para o -HCH e entre 2,15 e 102, 75 (RJ) e 2,58 e 83, 52 (ES) para os PCBs totais. Não foram observadas diferenças significativas entre as duas regiões, o que pode significar que a principal forma de poluição ocorre pelo transporte a longa distância desses poluentes via atmosfera e posterior precipitação. No geral, as concentrações encontradas foram baixas, o que pode ser devido à dieta mais herbívora de juvenis de Chelonia mydas. Não foram observadas correlações significativas entre as concentrações de poluentes e as razões isotópicas com o tamanho e o peso das tartarugas, o que pode estar relacionado ao fato dos indivíduos estudados serem juvenis e ocuparem posições tróficas semelhantes apesar das variações individuais encontradas. Apesar das baixas concentrações, a presença de POPs, principalmente PCBs, no fígado das tartarugas marinhas indicam sua exposição a esses compostos. Mais estudos são necessários para entender a exposição a que esses animais estão sujeitos e os possíveis efeitos ao longo do tempo.

Among the various pollutants that can be released into the environment, there are persistent organic pollutants (POPs), such as organochlorine pesticides (POCs), polychlorinated biphenyls (PCBs) and polybrominated diphenyl ethers (PBDEs). These compounds are known to have high liposolubility, which favors their accumulation in the tissues of several organisms; high biomagnification capacity, increasing its concentrations along the food chain; and ability to be transported over long distances. Sea turtles are one of the animals that can be exposed to these pollutants. The green turtle (Chelonia mydas) has a circunglobal distribution, occurring in tropical and subtropical waters, being the most coastal species among sea turtles. It is a species classified as "vulnerable" to extinction. The present study evaluated the occurrence of persistent organic pollutants (POPs) in 49 liver tissue samples from juveniles of Chelonia mydas collected in the coast of Rio de Janeiro (RJ) and Espírito Santo (ES), correlating with the ratio of stable carbon isotopes (¹³C) and nitrogen (¹⁵N), and ecological factors. In both regions, the main POPs found were -HCH and PCBs. The concentrations, in ng g^-1 wet mass, varied between <0.4 and 6.54 (RJ) and <0.4 and 7.68 (ES) for -HCH and between 2.15 and 102.75 (RJ) and 2.58 and 83.52 (ES) for total PCBs. No significant differences were observed between the two regions, which may mean that the main form of pollution occurs through the long-distance transport of these pollutants via the atmosphere and subsequent precipitation. Overall, the concentrations found were low, which may be due to the more herbivorous diet of juveniles of Chelonia mydas. There were no significant correlations between pollutant concentrations and isotopic ratios with the size and weight of the turtles, which may be related to the fact that the studied individuals are juveniles and occupy similar trophic positions despite the individual variations found. Despite the low concentrations, the presence of POPs, mainly PCBs, in the sea turtles' liver indicates their exposure to these compounds. Further studies are needed to understand the exposure to which these animals are subject and the possible effects over time.