A Baía da Babitonga (26,1°- 26,5° S e 48,08°- 48,04° W), situada no litoral norte de Santa Catarina, possui um histórico de ações antrópicas, tendo o maior polo industrial e a maior região portuária do estado catarinense, além de modificações hidrodinâmica da região na década de 30, devido ao fechamento da conexão sul com oceano Atlântico. Tais influências podem modificar o padrão geoquímico dos sedimentos estuarinos, favorecendo ou não a acumulação de metais pesados. O presente estudo tem como objetivo analisar a distribuição espacial atual de metais pesados, a granulometria e outros parâmetros geoquímicos em sedimentos superficiais da Baía da Babitonga, utilizando ferramentas estatísticas para entender os processos geoquímicos que ocorrem na região. Foram coletadas 50 amostras de sedimentos superficiais com Van-veen por toda Baía, sendo realizada, para a extração dos metais, a digestão parcial e, para a análise, a espectrometria de emissão atômica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES). A geoquímica dos sedimentos superficiais da Baía da Babitonga é controladaprincipalmente pela granulometria, que, por sua vez, é selecionada pela hidrodinâmica majoritariamente marinha da região. De maneira geral, a Baía da Babitonga não apresentou contaminação na maior parte de sua extensão, salvo a baía do Saguaçu e a região ao norte do fechamento do Canal do Linguado, que, para diversos índices de poluição, apresentaram enriquecimento moderado em metais, bem como concentrações acima dos níveis estipulados por legislação, principalmente para Cu, Ni e Zn. Tais concentrações podem estar atreladas às indústrias metalomecânica e têxtil. Ainda, foi encontrado enriquecimento moderado para As na região central da Baía, próximo à Ilha Grande e das Flores, o qual foi atribuído a uma possível fonte natural advinda da formação geológica das ilhas. Para os demais parâmetros, a disposição espacial coincidiu com estudos pretéritos e apresentaram concentrações dentro do esperado para um ambiente estuarino, quando comparados com outros estuários nacionais e internacionais.

The Babitonga Bay (26.1°- 26.5° S, 48.08°- 48.04° W), located on the north coast of Santa Catarina, has a history of anthropic actions, having the largest industrial center and the port region in the state of Santa Catarina, in addition to hydrodynamic changes in the region in the 1930s, due to the closure of the southern connection with the Atlantic Ocean. Such influences can modify the geochemical pattern of estuarine sediments, favoring or not the accumulation of heavy metals. The present study aims to analyze the current spatial distribution of heavy metals, granulometry and other geochemical parameters in surface sediments of Babitonga Bay, using statistical tools to understand the geochemical processes that occur in the region. Fifty samples of surface sediments were collected with Van-Veen throughout the area, with partial digestion and atomic emission spectrometry with inductively coupled plasma (ICP-OES) being performed for the extraction of metals. The geochemistry of surface sediments in Babitonga Bay is mainly controlled by granulometry, which, in turn, is selected by the mostly marine hydrodynamics of the region. In general, Babitonga Bay did not show contamination in most of its extension, except for Saguaçu Bay and the region to the north of the Linguado Channel closure, which, for various pollution indices, showed moderate enrichment in metals, as well concentrations above the levels stipulated by legislation, mainly for Cu, Ni and Zn. Such concentrations may be linked to the metallurgic and textile industries. Furthermore, moderate enrichment was found for As in the central region of Babitonga Bay, close to Grande and Flores Islands, which was attributed to a possible natural source arising from the geological formation of the islands. For the other parameters, the spatial arrangement coincided with past studies and presented concentrations within the expected range for an estuarine environment, when compared to other national and international estuaries.