Cephalopods are commonly known as squid, cuttlefish and octopus and represent a major targeted fisheries resource worldwide. Inhabiting almost all marine ecosystems, cephalopods occupy an intermediate trophic level being considered opportunistic predators feeding on a variety of fishes and crustaceans and important preys of fishes, mammals and seabirds. Their rapid growth, short lifespans and strong life-history plasticity reflect their high responsiveness/sensitivity to environmental changes, particularly during early-life stages. In this regard, surveys of paralarvae abundance and distribution in the water column have been considered crucial to understand the biology, spawning areas and population structure of cephalopods. The present study investigated the abundance and composition of paralarvae from the continental shelf of the Southeastern Brazil Bight (SBB) by revisiting a historical collection of samples from 1974 to 2010. The overarching goal was to determine long-term patterns in oceanographic processes leading to fluctuations in the abundance and composition of cephalopods early life stages. For this purpose this study was divided into three chapters. In the first chapter, the taxonomic richness of paralarvae was assessed and an unprecedentedly high diversity of oceanic paralarvae was revealed in shelf areas of the SBB. In the second chapter, focused on Argonautidae paralarvae, an interplay of cross-shelf and along-shore transport was untangled and suggested as major contributor to spatial and temporal distribution of the cephalopods early life stages over the SBB shelf. The third chapter exploring multivariate time-series depicted a temporal asynchrony in the abundance of paralarvae assemblages over the SBB potentially linked to multi-decadal variability of ocean's surface temperature and salinity as well as global climate oscillations. Taken together, these studies revealed biodiversity patterns where the abundance, composition and distribution of paralarvae over shelf areas are intimately associated with the oceanographic dynamics of the SBB. Processes such as meanders and eddies of the Brazil Current, coastal upwelling events of Cape Frio and upwelling jets that flow southwards and along-shore for hundreds of kilometers are key features driving both diversity and abundance of paralarvae assemblages in the continental shelf of the SBB. Each of these processes may distinctively affect the distribution of paralarvae, since they might vary both spatially and temporally (seasonal and interannual variability). Finally, major assumptions about paralarvae ecology and behavior in the present study were based on a multi-decadal and large spatial scale sampling using the ColBio-IOUSP historical collection, which provided insights that could be underrated in studies targeting seasonal or interannual variations.

Os cefalópodes são comumente conhecidos como lulas, sépias e polvos e representam um importantes recursos pesqueiros em todo o mundo. Habitando quase todos os ecossistemas marinhos, os cefalópodes ocupam um nível trófico intermediário sendo considerados predadores oportunistas alimentando-se de uma variedade de peixes e crustáceos, além de serem importantes presas de peixes, mamíferos e aves marinhas. Crescimento rápido, ciclo de vida curto e forte plasticidade de história de vida refletem sua alta capacidade de resposta/sensibilidade às mudanças ambientais, particularmente durante os primeiros estágios da vida. Nesse sentido, estudos de distribuição e abundância de paralarvas na coluna de água têm sido considerados cruciais para o entendimento da biologia, áreas de desova e estrutura populacional de cefalópodes. O presente estudo investigou a abundância e a composição de paralarvas da Plataforma Continental Sudeste do Brasil (PCSB) revisitando uma coleção histórica de amostras de 1974 a 2010. O objetivo geral foi determinar padrões de longo prazo em processos oceanográficos que levam à flutuações na abundância e composição dos estágios iniciais da vida dos cefalópodes. Para tanto, este estudo foi dividido em três capítulos. No primeiro capítulo, a riqueza taxonômica de paralarvas foi avaliada e uma diversidade inédita de paralarvas oceânicas foi revelada em áreas da PCSB. No segundo capítulo, focado nas paralarvas de Argonautidae, uma interação de transporte plataforma e oceano aberto e ao longo da costa foi desvendada e sugerida como um dos principais contribuintes para a distribuição espacial e temporal dos estágios iniciais de vida dos cefalópodes na PCSB. O terceiro capítulo, explorando séries temporais através de análises multivariadas, descreveu uma assincronia temporal na abundância de conjuntos de paralarvas sobre a PCSB, potencialmente ligada à variabilidade multidecadal da temperatura e salinidade da superfície do oceano, bem como às oscilações climáticas globais. Juntos, esses estudos revelaram padrões de biodiversidade onde a abundância, composição e distribuição de paralarvas em áreas de plataforma estão intimamente associados com a dinâmica oceanográfica da PCBS. Processos oceanográficos como meandros e vórtices da Corrente do Brasil, eventos de ressurgência costeira de Cabo Frio e jatos de ressurgência que fluem para o sul e ao longo da costa por centenas de quilômetros são características-chave que influenciam tanto a diversidade quanto a abundância de assembleias de paralarvas na plataforma continental da PCBS. Cada um desses processos pode afetar distintamente a distribuição das paralarvas, uma vez que podem variar espacialmente e temporalmente (variabilidade sazonal e interanual). Finalmente, as principais suposições sobre a ecologia e o comportamento das paralarvas no presente estudo foram baseadas em uma amostragem multidecadal e em grande escala espacial usando a coleção histórica do ColBio-IOUSP, que forneceu propiciou insights entendimentos que poderiam ser subestimados em estudos direcionados a variações sazonais ou interanuais.