O ambiente marinho é considerado um sorvedouro de contaminantes, principalmente de origem antrópica, portanto é cada vez mais necessário o desenvolvimento de novos modelos e técnicas para avaliação do impacto desses compostos nesse ambiente. Anfípodes são um grupo de crustáceos que possuem uma grande importância no funcionamento do ecossistema e são comumente utilizados em ensaios ecotoxicológicos. Neste trabalho, técnicas de avaliação de gentoxicidade foram desenvolvidas e otimizadas para anfípodes marinhos e posteriormente aplicadas em conjunto com marcadores reprodutivos para avaliação de impactos de contaminantes emergentes (nanopartículas de prata e ftalatos) e da qualidade ambiental. Parhyale hawaiensis foi utilizado para avaliação da genotoxicidade e Echinogammarus marinus para avaliar os impactos reprodutivos. A otimização das técnicas para avaliação da genotoxicidade foi realizada inicialmente com ajustes nos protocolos que geraram um bom efeito dose resposta com agentes genotóxicos de referência e baixos níveis de lesões em condições controle. Após exposição a nanopartículas de prata, foi observado um aumento significativo na frequência de micronúcleos e anormalidades nucleares conforme o aumento da concentração e período de exposição, mas não foram observados danos ao DNA pelo ensaio cometa. Dentre os ftalatos utilizados, DEHP causou um aumento da ocorrência de mudas, enquanto DBP diminuiu significativamente a contagem dos espermatozóides. Com relação à comparação entre locais com águas com diferentes graus de poluição, foi observada uma redução significativa da contagem dos espermatozóides de anfípodes residentes em áreas consideradas poluídas em relação a locais de referência. Além disso, anfípodes coletados em uma área de proteção ambiental apresentaram contagens de espermatozóides similares as áreas poluídas. As técnicas utilizadas nesse trabalho demonstraram ser eficazes para avaliação do estado fisiológico de anfípodes tanto em estudos de laboratório como ambientais.

Marine environment is considered to be a sink of contaminants, mainly of anthropic origin, therefore the need of developing new models and techniques to evaluate the impact of these compounds in the environment is increasingly. Amphipods are a group of crustaceans that have great importance in the ecosystem functioning and are commonly used in ecotoxicological tests. In this work, genotoxicity assessment techniques were developed and optimized for marine amphipods and later applied with reproductive endpoints to assess impacts from emerging contaminants (silver nanoparticles and phthalates) and environmental quality. Parhyale hawaiensis was used to assess genotoxicity and Echinogammarus marinus to assess reproductive impacts. The optimization of the techniques for evaluating genotoxicity was initially performed with adjustments in the protocols that generated a good dose response effect after exposure to reference genotoxic agents and low levels of DNA damage in control conditions. After exposure to silver nanoparticles, a significant increase in micronuclei and nuclear abnormalities frequencies was observed with the increased of concentration and exposure period, but no DNA damage measured by comet assay was detected. Among the phthalates used, DEHP caused an increase in moulting occurrence, while DBP significantly decreased sperm counts. Regarding the comparison among sites with different pollution degrees, a significant reduction in sperm count of amphipods residing in areas considered polluted in relation to reference sites was observed. Furthermore, amphipods collected in an environment protected area showed similar sperm counts to polluted areas. The techniques used in this work proved to be effective to evaluate amphipods physiological state in both laboratory and field studies.