Considerando-se que o trabalho com hortas escolares pode promover um potencial pedagógico, elabora-se este trabalho com o objetivo de investigar quais são os incidentes críticos que determinam a continuidade ou ruptura de hortas escolares na Rede Municipal de Ensino de São Carlos/SP. A análise centra-se nos incidentes críticos como determinantes da trajetória profissional, bem como esses contribuem para construção da identidade e mudança da prática docente. Dessa maneira, os participantes constituem em quarenta e sete diretores de escolas e seis professores que trabalham com hortas escolares e são bem-sucedidos em suas práticas pedagógicas. Para o desenvolvimento do estudo, realizaram-se as seguintes etapas 1) levantamento bibliográfico acerca de trabalhos que abordam hortas escolares; 2) questionário (questões abertas e fechadas) com a participação de diretores escolares; 3) identificação da rede de ensino quanto às hortas escolares; 4) coleta de dados a partir de narrativas escritas por professores; 5) análise dos dados; 6) elaboração e construção de uma cartilha como produto educacional. Salienta-se que a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da USP/ESALQ e pela instituição Secretaria Municipal de Educação de São Carlos. Destarte, a análise centra-se no levantamento de dados por questionário, em todas as escolas municipais de São Carlos/SP, a fim de verificar quais escolas possuem hortas e o porquê as implementam, assim como as dificuldades e apoios para esta implementação, segundo os diretores. Das 46,15% das unidades indicadas como possuindo hortas, coletaram-se narrativas escritas de seis professores, nas quais foram analisados os determinantes que movem o professor a continuar ou encerrar o trabalho com hortas escolares. Notou-se que 82,5% dos respondentes (diretores de escolas) indicam que as hortas ocorrem por iniciativa de professores. São Carlos possui legislação que preconiza a implantação de hortas nas escolas e esta não foi mencionada como indutora deste processo nas narrativas. O principal determinante que motiva a construção de horta é percebê-la como um espaço educador relevante para engajamento dos alunos na aprendizagem e ter tido contato prévio, em geral na infância, com hortas ou outros cultivos. Os motivos pelos quais implementam a horta são pessoais (saberes, vivências e comprometimento). No entanto, os professores revelam dificuldades práticas para manuseio da horta e de articular ao currículo e conteúdos de sala de aula, na perspectiva interdisciplinar. A ruptura ocorre devido ao pouco apoio que recebem na escola e da comunidade, frente aos demais compromissos do professor com a sala de aula. O estudo revela que, apesar das dificuldades encontradas pelos professores na implantação do espaço educador de hortas escolares, os determinantes que o fazem dar continuidade são a experiência, os aspectos pedagógicos e prática docente e a maneira como superam barreiras. O uso das hortas como espaço educador contribui para a inovação pedagógica docente e há que se apoiar mais os professores para que as hortas possam, efetivamente, transformar o contexto escolar.

Considering that the work with school gardens can promote a pedagogical potential, this work is elaborated with the objective of investigating which are the critical incidents that determine the continuity or rupture of school gardens in the Municipal Education Network of São Carlos/SP. The analysis focuses on critical incidents as determinants of professional trajectory, as well as these contribute to identity building and change in teaching practice. Thus, participants constitute forty-seven school principals and six teachers who work with school gardens and are successful in their pedagogical practices. For the development of the study, the following stages were carried out 1) bibliographic survey about works that address school gardens; 2) questionnaire (open and closed questions) with the participation of school principals; 3) identification of the educational network regarding school gardens; 4) data collection from narratives written by teachers; 5) data analysis; 6) preparation and construction of a booklet as an educational product. It should be noted that the research was approved by the Ethics and Research Committee of USP/ESALQ and the institution of the Municipal Secretariat of Education of São Carlos. Therefore, the analysis focuses on the survey of data by questionnaire, in all municipal schools of São Carlos/SP, in order to verify which schools have vegetable gardens and why they implement them, as well as the difficulties and support for this implementation, according to the directors. Of the 46.15% of the units indicated as having vegetable gardens, written narratives were collected from six teachers, in which the determinants that move the teacher to continue or close the work with school gardens were analyzed. It was noted that 82.5% of respondents (school principals) indicate that the gardens occur at the initiative of teachers. São Carlos has legislation that advocates the implementation of vegetable gardens in schools and this was not mentioned as inducing this process in the narratives. The main determinant that motivates the construction of a garden is to perceive it as a relevant educational space to engage students in learning and to have had previous contact, usually in childhood, with gardens or other crops. The reasons why they implement the garden are personal (knowledge, experiences and commitment). However, teachers reveal practical difficulties in handling the garden and linking it to the curriculum and classroom content from an interdisciplinary perspective. The rupture occurs due to the little support they receive in the school and in the community, compared to the other commitments of the teacher to the classroom. The study reveals that, despite the difficulties encountered by teachers in implementing the educational space of school gardens, the determinants that make it continue are the experience, pedagogical aspects and teaching practice and the way they overcome barriers. The use of the gardens as an educational space contributes to pedagogical innovation and teachers must be supported more so that the gardens can effectively transform the school context.