As doenças transmitidas pelo mosquito Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762) são um grande desafio para as sociedades humanas, especialmente em regiões tropicais. Neste desafio, cabe destacar as populações de mosquito que se tornam resistentes aos inseticidas aplicados para os fins de controle populacional, que justifica a diversidade de compostos que existem atualmente. Um dos larvicidas desta variedade é o Pyriproxyfen um análogo do hormônio juvenil que age no desenvolvimento imaturo e previne a emergência do mosquito adulto. No Brasil, o Ministério da Saúde determina a aplicação deste larvicida com base na concentração preconizada pela Organização Mundial da Saúde (0,01 mg/L) em todo território nacional. Considerando as dimensões continentais do território brasileiro, a aplicação de uma estratégia nacional desconsidera variações regionais de condições ambientais que podem interferir na eficiência do composto. O objetivo da presente pesquisa foi analisar se variações de temperatura simuladas em laboratório para as cinco regiões brasileiras interferem na eficiência do Pyriproxyfen em inibir a emergência de adultos de Aedes aegypti. Para isso, foram feitos experimentos para analisar o efeito combinado entre cinco concentrações do Pyriproxyfen (0,0025; 0,005; 0,01; 0,02; 0,04 mg/L) e cinco combinações de temperaturas (17 a 26,1 ºC para Sul; 20 a 28,5 ºC para Sudeste; 19,5 a 31 ºC para Centro-Oeste; 23 a 32,3 ºC para Norte e 23 a 30,3 ºC para Nordeste), sendo as mais quentes programadas para o fotoperíodo claro (14 horas de duração) e as mais frias para o fotoperíodo escuro (10 horas de duração), simulando os ciclos térmicos diários). Também foram analisados os efeitos sub-letais do composto, nas respostas de longevidade e da morfologia alar. De forma geral, as concentrações que inibem a emergência de 50% da população (IE₅₀) não ultrapassaram 0,01 mg/L entretanto, nas condições mais frias referentes às regiões Sul e Sudeste as IE₅₀ foram três e duas vezes menor a preconizada pela Organização Mundial da Saúde respectivamente. Houve evidências de que a sensibilidade dos organismos testados foi maior nas condições térmicas mais frias, simuladas para as regiões Sul e Sudeste (p < 0,05). A longevidade média foi significativamente maior para os mosquitos sobreviventes aos tratamentos em temperaturas mais quentes (Centro-Oeste). O tamanho dos centroides alares foi maior no tratamento com temperaturas menores (Sul). Os resultados podem contribuir com o ajuste das recomendações de uso do Pyriproxyfen com base na regionalização, considerando as peculiaridades de temperatura para promover aplicação racional do composto e ajudar na prevenção do desenvolvimento de populações de mosquito resistentes ao composto.

Diseases transmitted by the mosquito Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762) are major challenge for human societies, especially in tropical regions. Given this challenge, it is worth highlighting the development of resistance to insecticides applied for mosquito population control purposes, which explains the diversity of compounds that currently exist. One of the larvicides from this variety is Pyriproxyfen, a juvenile hormone analogue that acts during immature development and prevents the emergence of the adult mosquito. In Brazil, the Ministry of Health determines the application of this larvicide based on the concentration recommended by the World Health Organization (0.01 mg/L) throughout the country. Given the continental dimensions of the Brazilian territory, the application of a national strategy disregards regional variations in environmental conditions that may interfere with the efficiency of the compound. The goal of this research was to analyze whether temperature variations simulated in the laboratory for the five Brazilian regions interfere with the efficiency of Pyriproxyfen in inhibiting the emergence of Aedes aegypti adults. Then, experiments were carried out to analyze the combined effect between five concentrations of Pyriproxyfen (0.0025; 0.005; 0.01; 0.02; 0.04 mg/L) and five combinations of temperatures (17 to 26.1 ºC for the South; 20 to 28.5 ºC for the Southeast; 19.5 to 31 ºC for the Central-West; 23 to 32.3 ºC for the North and 23 to 30.3 ºC for the Northeast), with the hottest scheduled for the light phase of the photoperiod (14 hours duration) and the coldest ones for the dark phase (10 hours duration), simulating daily thermal cycles). The sub-lethal effects of the compound on longevity responses and wing morphology were also analyzed. In general, the concentrations that inhibit the emergence of 50% of the population (IE50) did not exceed 0.01 mg/L. World Health Organization respectively. There was evidence that the sensitivity of the tested organisms was higher in the colder thermal conditions, simulated for the South and Southeast regions (p < 0.05). Mean longevity was significantly higher for mosquitoes that survived treatments in warmer temperatures (Midwest). The wing centroid size was larger in the treatment with lower temperatures (South). The results can contribute to the adjustment of recommendations for the use of Pyriproxyfen based on regionalization, considering the peculiarities of temperature to promote rational application of the compound and help prevent the development of mosquito populations resistant to Pyriproxyfen.