INTRODUÇÃO: As lesões discoides do lúpus representam uma das manifestações cutâneas mais comuns dessa doença, podendo estar presentes no contexto de um diagnóstico de doença sistêmica (LES) ou como uma doença exclusivamente cutânea. As lesões discoides são encontradas mais frequentemente na face, couro cabeludo e orelhas, mas podem ser generalizadas. No couro cabeludo podem causar alopecia cicatricial com destruição das células tronco e alopecia definitiva. Mais de 60% dos pacientes com lúpus discoide (LED) tem acometimento do couro cabeludo, 1/3 desses com alopecia cicatricial. Sabe-se que o risco de evolução para LES nos pacientes com DLE é relativamente baixo (5-15%), podendo aumentar quando as lesões estão abaixo da cabeça e do pescoço ou quando, por exemplo, estão associadas a artrite e alterações laboratoriais como FAN, leucopenia e anemia. Normalmente o couro cabeludo é analisado em conjunto ao restante do segmento cefálico em análises prévias de perfil clínico e sorológicos. OBJETIVO: Avaliar se a presença de lesões de LED no couro cabeludo tem características clínicas e sorológicas distintas dos pacientes com lesões discoides em outras localizações. MÉTODOS: No total 126 pacientes (62 LED-localizado, 39 LED-disseminado, 8 LESA e 17 LES) foram estudados retrospectivamente. Os dados foram coletados por revisão de prontuários. RESULTADOS: Observamos que as lesões discoides de lúpus no couro cabeludo são mais comuns no sexo feminino (mulheres até 4,3 vezes mais chance). Há diferença significativa de positividade de FAN, com o grupo sem lesões discoides no couro mais frequente (p=0,01). Nos pacientes com LED-localizado existe maior frequência de tabagistas e positividade de FAN no grupo que não apresenta lesões em couro cabeludo (p=0,07). Lesões de couro cabeludo tem maior associação com outras doenças autoimunes (p=0,03).

INTRODUCTION: Lupus discoid lesions represent one of the most common cutaneous manifestations of this disease and may be present in the context of a diagnosis of systemic disease (SLE) or as a exclusively cutaneous disease. Discoid lesions are most often found on the face, scalp, and ears, but it may be generalized. On the scalp, they can cause scarring alopecia with destruction of stem cells and permanent alopecia. More than 60% of patients with discoid lupus (DLE) have scalp involvement, 1/3 of these with scarring alopecia. It is known that the risk of progression to SLE in patients with DLE is relatively low (5-15%), which may increase when the lesions are below the head and neck or when, for example, they are associated with arthritis and laboratory alterations such as FAN, leukopenia and anemia. Usually, the scalp is analyzed together with the rest of the cephalic segment in previous clinical and serological profile analyses. OBJECTIVE To assess whether the presence of DLE lesions on the scalp has clinical and serological characteristics distinctive from patients with discoid lesions only in other locations. METHODS: A total of 126 patients (62 localized-DLE, 39 disseminated-DLE-d, 8 SCLE and 17 SLE) were studied retrospectively. Data were collected through medical records review. RESULTS: We observed that discoid lupus lesions on the scalp are more common in females (women up to 4.3 times more likely). There is a significant difference in ANA positivity, with the group without discoid lesions on scalp much higher (p=0.01). In patients with localized-DLE, there is a higher frequency of smokers and ANA positivity in the group without scalp lesions (p=0.07). Scalp lesions are more closely associated with other autoimmune diseases (p=0.03).