Na população pediátrica, estudos têm demonstrado que o início da epilepsia farmacorresistente precoce pode ocasionar severo comprometimento cognitivo, principalmente se a frequência de crises é diária. Nas últimas décadas, a cirurgia de epilepsia foi estabelecida como uma opção de tratamento eficaz para a população pediátrica, com índices de controle de crises variando entre 52 a 80,3%, melhora cognitiva, do comportamento adaptativo e do desenvolvimento neuropsicomotor. Este estudo teve como objetivo compreender e descrever se o tratamento cirúrgico da epilepsia farmacorresistente impacta positivamente em longo prazo a comunicação, socialização, habilidades diárias e habilidades motoras de pacientes pediátricos submetidos a cirurgia de epilepsia, comparando dados pré e pós-operatórios. Foram selecionados 369 pacientes com epilepsia farmacorresistente, com idade entre 0 e 18 anos. Os pacientes foram divididos em dois grupos, sendo o grupo cirúrgico (pacientes que fizeram a cirurgia de epilepsia) e o grupo controle (pacientes que não optaram pelo procedimento cirúrgico). A avaliação realizada pelo setor de neuropsicologia ocorreu em três momentos (uma avaliação pré-operatória e duas avaliações pós-operatórias), através da escala de comportamento adaptativo de Vineland (ECAV). Para a análise estatística, foram utilizados testes paramétricos e consideradas todas as variáveis do estudo normais. Os grupos foram comparados em relação às variáveis clínicas, pontuações da ECAV e diferenças médias das pontuações entre as três fases que compuseram a pesquisa. Na análise final do grupo cirúrgico, 62 pacientes (37,6%) foram classificados como Engel I na última avaliação pós-operatória. Os pacientes livres de crises, apresentaram o nível de desempenho adaptativo superior aos sujeitos que continuaram a ter crises, sendo evidentes os benefícios da cirurgia de epilepsia. Os desfechos do nosso estudo de longo prazo, expandiram o conhecimento diante do desenvolvimento das habilidades adaptativas e das consequências positivas da cirurgia de epilepsia na faixa etária pediátrica.

Research indicates that early-stage drug-resistant epilepsy can lead to substantial cognitive impairment in children, especially if seizures occur daily. Over the past decade, epilepsy surgery has demonstrated efficacy in treating such cases, resulting in reduction rates ranging from 50% to 80.3%. This treatment has shown improvements in adaptive behavior, cognition, and neuromotor development. This study aims to investigate whether surgical intervention for drug-resistant epilepsy positively impacts communication, socialization, daily activities, and neuromotor functions in pediatric patients, considering data before and after surgery. The study encompassed 369 patients aged 0 to 18 diagnosed with drug-resistant epilepsy. These patients were categorized into two groups: the first comprising those who underwent surgery and the second serving as the control group, consisting of children without surgical intervention. Neuropsychological assessments were conducted in three stages: before surgery and twice post-surgery, utilizing the Vineland Adaptive Behavior Scale (VABS). Standard tests and variables were employed during statistical analysis. Comparative analysis covered clinical variables, VABS scores, and score variations across the three research stages. Within the surgery group, 62 subjects (37.6%) reached ENGEL I classification in the second post-surgery analysis, indicating seizure freedom. Patients free from seizures demonstrated enhanced adaptive development compared to those with ongoing seizures, underscoring the benefits of epilepsy surgery. Long-term results expanded understanding of adaptive development and affirmed the positive effects of epilepsy surgery on drug-resistant pediatric patients, particularly those achieving seizure freedom, leading to significant improvements in adaptive scores.