Introdução: a qualidade do sono é dependente de fatores individuais, como idade, sexo, raça/etnia e ocupação. Evidências crescentes sugerem que fatores supraindividuais relacionados as condições socioeconômicas podem também estar relacionadas à qualidade do sono. Esse estudo objetivou avaliar a influência de fatores individuais e sociais na qualidade de sono em uma população de adultos. População e métodos: esse foi um estudo transversal que utilizou dados dos indivíduos que participaram da quinta fase do estudo "Coortes de Nascidos Vivos de Ribeirão Preto" nascidos em 1978 e 1979. Foram avaliadas características sociodemográficas, ocupação profissional, percepção de insegurança em relação ao local onde reside, Critério de Classificação Econômica Brasil, triagem de uso de álcool, tabaco e outras substâncias (Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test - ASSIST), prática de atividade física (Self-Administered Physical Activity Checklist - SAPAC), tempo de exposição às telas, qualidade de sono (Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh), consumo dietético de bebidas cafeinadas e insatisfação com a saúde. Resultados: a amostra foi composta por 1637 indivíduos, 52,72% do sexo feminino (n=863), 79,4% da cor branca (n=1300), 71,2% das classes sociais A, B1, B2 (n= 1165). A qualidade de sono foi classificada como ruim em de 62,3% dos avaliados. Os indivíduos da classe C1/C2/D/E apresentaram uma maior proporção de sono de qualidade ruim quando comparados aos indivíduos das classes A/B1/B2 [Odds Ratio (OR) de 1,31 com intervalo de confiança de 95% (IC95%) entre 1,03 - 1,68]. Outras características que estiveram associadas a pior qualidade de sono foram: ter > 3 filhos (OR=2,3; IC95%: 1,13 - 4,36), trabalhar "Dia e Noite" (OR=1,46; IC95%: 1,03 - 2,07), obesidade (OR=1,32; IC95%= 1,01 - 1,73), coabitar com 3 a 6 habitantes (OR=1,35; IC95%= 1,00 - 1,82), coabitar com mais de 7 habitantes (OR=3,10; IC95%= 1,00 - 9,51), sensação de insegurança com o local de moradia (OR=1,58; IC95%= 1,29 - 1,54), estar solteiro (OR=1,29; IC95%= 1,00 - 1,66) e consumo de bebidas à base de cola (OR=1,26; IC95%= 1,00 - 1,59). Realizar atividade física por até 150 minutos esteve associado a melhora da qualidade de sono (OR=0,77; IC95%=0,59 - 0,99). Conclusão: As classes econômicas mais baixas têm pior qualidade de sono. O maior número de filhos, a coabitação com maior número de pessoas, a obesidade, trabalhar em turnos diurnos e noturnos, estar solteiro, o consumo de bebidas à base cola e a sensação de insegurança com o local de moradia também são fatores associados a redução da qualidade de sono.

Introduction: sleep quality depends on individual health factors such as age, sex, race/ethnicity, and occupation. Growing evidence suggests that supra-individual factors related to socioeconomic conditions may also be related to sleep quality. This study aimed to evaluate the influence of individual and social factors on sleep quality in an adult population. Population and methods: data from individuals who participated in the fifth phase of the study, "Cohorts of Live Births in Ribeirão Preto", born in 1978 and 1979 in the city of Ribeirão Preto were used. Sociodemographic characteristics, occupation, perception of insecurity in relation to the place where they live, the Brazilian Economic Classification Criteria, screening for the use of alcohol, tobacco and other substances (Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test - ASSIST), and activity practice physical (Self-Administered Physical Activity Checklist - SAPAC), screen time, sleep quality (Pittsburgh Sleep Quality Index), dietary intake of caffeinated beverages, dissatisfaction with health. Results: the sample consisted of 1637 individuals, 52.72% female (n=863), 79.4% white (n=1300), 71.2% from social classes A, B1, B2 (n= 1165 ). Sleep quality was classified as poor in 62.3% of those assessed. Individuals in class C1/C2/D/E had a higher proportion of poor quality sleep when compared to individuals in classes A/B1/B2 [Odds Ratio (OR) of 1.31 with a confidence interval of 95% (CI95 %) between 1.03 - 1.68]. Other characteristics that were associated with worse sleep quality were: having > 3 children (OR=2.3; 95%CI: 1.13 - 4.36), working "Day and Night" (OR=1.46; 95%CI : 1.03 - 2.07), obesity (OR=1.32; 95%CI= 1.01 - 1.73), living with 3 to 6 inhabitants (OR=1.35; 95%CI= 1.00 - 1.82), living with more than 7 inhabitants (OR=3.10; CI95%= 1.00 - 9.51), feeling of insecurity with the place of residence (OR=1.58; CI95%= 1. 29 - 1.54), being single (OR=1.29; CI95%= 1.00 - 1.66) and consumption of cola drinks (OR=1.26; CI95%= 1.00 - 1 ,59). Performing physical activity for up to 150 minutes was associated with improved sleep quality (OR=0.77; 95%CI=0.59 - 0.99). Conclusion: Lower economic classes have worse sleep quality. The greater number of children, cohabitation with a greater number of people, obesity, working day and night shifts, being single, consuming cola drinks, and fear of the place where they live are also factors associated with reduced quality of life sleep.