Desconforto musculoesqueléticos relacionadas ao trabalho podem estar relacionadas a diversos fatores de risco e ações preventivas podem interferir positivamente na produtividade e qualidade de vida. Objetivos: Avaliar a efetividade de um programa de exercícios resistidos específicos associados a alongamento muscular e orientações ergonômicas e posturais, comparada com apenas orientações ergonômicas e posturais na diminuição da dor, desconforto e melhora da funcionalidade nos membros superiores e região cervical dos trabalhadores de um hospital universitário e correlacionar os fatores de risco ocupacionais com a sintomatologia e funcionalidade. Métodos: Foram convidados para o estudo clínico randomizado 154 trabalhadores com ou sem queixa de dor ou desconforto nos membros superiores, alocados para os grupos: cinesioterapia laboral ou controle. Os desfechos primários foram a Escala Numérica da Dor (END), a força muscular isocinética de abdução do ombro e força de preensão palmar. Os desfechos secundários sobre desconforto, fadiga, capacidade para o trabalho e disfunção foram avaliados pelos questionários de autorrelato: Nórdico, Escala de necessidade de descanso (ENEDE), Incapacidade para o trabalho (ICT), Patient Specific Functional Scale (PSFS-Br), QuickDASH-Br, o Neck Disability index-Br (NDI-Br) e teste de desempenho FIT-HANSA. A análise ergonômica da atividade mais crítica foi avaliada com a aplicação das ferramentas observacionais. Ambos os grupos foram reavaliados após 12 semanas. A análise estatística foi realizada pelos teste t de amostras independentes e ANOVA para comparar os grupos. A significância clínica foi analisada através dos valores da mínima diferença clinicamente importante e pelo índice de Cohen, p<0,05. Foram realizadas análises de associação entre a sintomatologia, força, funcionalidade e capacidade para o trabalho através do coeficiente de Spearman. Resultados: Houve predomínio de mulheres (71,8%). A idade média dos trabalhadores foi 46,2 anos com sobrepeso, ativos, 32,9% trabalhavam no setor administrativo e 23,5% na enfermagem, há mais de 5 anos, a maioria com queixa de dor e desconforto de predomínio crônico no ombro (57,6%). O grupo intervenção apresentou diminuição da dor, e dos riscos ergonômicos, porém não estatisticamente significante. Houve diferença mínima clínica para a dor em 24,6% da amostra, 22,5% para o PSFS-Br, 10,6% para o QuickDASHBr, e 11% para o NDI-Br. A melhora na funcionalidade do membro superior foi significativa. Os valores do índice de Cohen foram 1,52 para END e 0,92 para o QuickDASH-Br, considerados altos. Foi observada moderada correlação entre a escala numérica da dor, o QuickDASH-Br e o NDI. O questionário QuickDASH-Br demonstrou forte correlação com o NDI; moderada correlação com o ICT, PSFS e preensão palmar; moderada correlação com o ENEDE. Considerações finais: O estudo sugere que a abordagem multimodal através dos exercícios resistidos, associados a alongamentos e orientações ergonômicas podem trazer benefícios a curto prazo na funcionalidade dos membros superiores e cervical, com adaptações neuromusculares, sem, contudo, aumento da força muscular no ombro e na preensão palmar. A maior prevalência de dor foi observada no ombro de caráter crônica. O QuickDASH-Br mostrou ser válido para esta população. A avaliação padronizada trouxe informações importantes quanto às questões físico-funcionais, porém aspectos psicossociais devem também ser investigados em estudos futuros.

Work-related musculoskeletal discomfort can be related to several risk factors, and preventive actions can positively interfere with productivity and quality of life. Objectives: To evaluate the effectiveness of a program of specific resistance exercises associated with muscle stretching and ergonomic and postural orientations, compared with just ergonomic and postural orientations, in reducing pain and discomfort and improving functionality in the upper limbs and cervical region of hospital workers university and correlate occupational risk factors with symptomatology and functionality. Methods: 154 workers with or without complaints of pain or discomfort in the upper limbs were invited to participate in the randomized clinical study, allocated to occupational kinesiotherapy or control groups. Primary outcomes were the Numerical Pain Scale (END), isokinetic shoulder abduction muscle strength, and handgrip strength. Secondary outcomes on discomfort, fatigue, workability, and dysfunction were assessed using self-report questionnaires: Nordic, Rest Need Scale (RNS), Work Incapacity (WI), Patient Specific Functional Scale (PSFS-Br), QuickDASH-Br, the Neck Disability indexBr (NDI-Br) and FIT-HANSA performance test. The ergonomic analysis of the most critical activity was evaluated using observational tools. Both groups were reassessed after 12 weeks. Statistical analysis was performed using t test for independent samples and ANOVA to compare groups. Clinical significance was analyzed using the minimal clinically important difference values and the Cohen index, p<0.05. Using Spearman's coefficient, association analyses were performed between symptomatology, strength, functionality, and workability. Results: There was a predominance of women (71.8%). The average age of workers was 46.2 years old, overweight, and active, 32.9% worked in the administrative sector and 23.5% in nursing for more than five years, most complaining of pain and discomfort, predominantly chronic in the shoulder (57.6%). The intervention group showed decreased pain and ergonomic risks, but not statistically significant. There was a minimal clinical difference for pain in 24.6% of the sample, 22.5% for PSFS-Br, 10.6% for QuickDASH-Br, and 11% for NDI-Br. The improvement in upper limb functionality was significant. Cohen index values were 1.52 for END and 0.92 for QuickDASH-Br, which is considered high. A moderate correlation was observed between the numerical pain scale, the QuickDASH-Br, and the NDI. The QuickDASH-Br questionnaire showed a strong correlation with the NDI; a moderate correlation with ICT, PSFS, and handgrip; moderate correlation with the ENEDE. Final considerations: The study suggests that the multimodal approach through resistance exercises, associated with stretching and ergonomic guidelines, can bring short-term benefits in the functionality of the upper and cervical limbs, with neuromuscular adaptations, without, however, increasing muscle strength in the shoulder and palmar grip. The highest prevalence of chronic pain was observed in the shoulder. The QuickDASH-Br proved to be valid for this population. The standardized assessment provided important information regarding physical-functional issues but should also investigate psychosocial aspects in future studies.